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Paralisadas há um mês, obras da FIOL têm aspecto de abandono

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Paralisadas há pouco mais de um mês, as obras da FIOL (Ferrovia da Integração Oeste-Leste), no sertão da Bahia, estão com aspecto de abandono.

Nos trechos de Brumado, Caetité, Rio do Antônio, Ibiassucê e Guanambi, visitados pela reportagem semana passada, o que mais se vê são máquinas estacionadas, canteiros de obra vazios e materiais de construção às margens do traçado da ferrovia, como trilhos e britas expostos ao tempo.

A paralisação da obra ocorre por falta de pagamento do governo, segundo as construtoras. A Valec, estatal responsável pela construção da FIOL, possui dívida de R$ 600 milhões com fornecedores e prestadores de serviço.

E o reflexo imediato da paralisação da obra é na economia local dessas cidades, de onde são a maioria dos trabalhadores, metade dos quais foram demitidos.

Atualmente, na obra, há cerca de 2.900 operários, sendo que ano passado eram 5.500.

O agricultor Paulo Brito, 59, demitido há uma semana das obras da Fiol.
Demitido há uma semana, no trecho em Ibiassucê, o trabalhador rural Paulo Brito, 59, mora em frente onde a ferrovia está sendo construída.

“Trabalhei por nove meses como ajudante, estava ganhando R$ 1.300. Era uma renda boa, e eu imaginava que ia ficar pelo menos uns dois anos na obra”, comentou ele, observando tratores e caminhões parados no canteiro da obra.

Segundo Brito, o pagamento da rescisão dos operários ficou de ser feito pela Valec na quinta-feira (10). “Espero que a obra volte logo a ser retomada para eu trabalhar de novo”, disse.

Um encarregado dos trabalhadores da obra, que preferiu que seu nome não fosse divulgado, informou que no trecho de Ibiassucê há cerca de 30 operários que realizam serviços de terraplanagem.

Aos desempregados não resta outra forma de trabalho, a não ser o rural, como o corte de palmas para dar a pouca criação de gado.

Sem trilhos

A FIOL terá 1.527 km, ligando Ilhéus, no sul do Estado, a Figueirópolis, no Tocantins.

Na Bahia, ela é essencial para o escoamento, sobretudo, de minério extraído do sertão e de grãos produzidos na região oeste.

Há também um projeto de minério de ferro a ser desenvolvido em Caetité, mas ele está paralisado por conta de disputas judiciais entre duas empresas multinacionais que alegam falta de honra nos compromissos financeiros pela outra parte.

Vigas de ferro em canteiro de obras da Valec, em Guanambi.
O trecho de Barreiras a Caetité – de 500 km – é um dos principais da obra, e está atualmente com apenas 42% de execução física, e também com lotes ainda sem ser iniciados.

A previsão era que a FIOL, que começou a ser construída em 2010, fosse concluída agora em 2013, só que diante do cenário atual não se sabe mais quando ela ficará pronta.

O custo inicial era de R$ 4,2 bilhões, agora é de R$ 5 bilhões.

Boa parte da obra, que já consumiu mais de R$ 3 bilhões, ainda está apenas com terra batida. Recentemente a Valec suspendeu as entregas de trilhos comprados da China e da Espanha. O material era para ser entregue este ano.

No total, foram comprados 147 mil toneladas de trilhos, dos quais pouco mais de 70 mil toneladas foram entregues e estão nos canteiros de obra no sertão da Bahia.

O trecho mais avançado é o que vai até Ilhéus, com 67% de execução. Por lá, há um esforço para manutenção do que já foi feito e não haja maiores gastos com o passar do tempo.

Outro problema é o Porto-Sul, por onde escoará a produção que passará pelos trilhos. Problemas ambientais e falta de verba impedem que a obra do porto, de R$ 5 bilhões, seja iniciada.

Apesar da situação atual, a FIOL desperta outros interesses, como uma interligação com a Ferrovia Bioceânica, que promete ligar o Brasil ao Peru.

Bahia e Rio de Janeiro brigam pelo traçado da mega ferrovia, orçada em R$ 40 bilhões.

Com informações do “Estado de S.Paulo”.

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