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Destruição em Mariana equivale a 7 anos de desmatamento

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R7

O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), em 5 de novembro, destruiu 324 hectares de Mata Atlântica nos arredores do rio Doce e de seus afluentes. Essa área equivale a 7 anos de desmatamento em Mariana (MG).

O estudo foi realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a empresa de geotecnologia Arcplan.

A área analisada abrange os municípios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova, todos em Minas Gerais.

Dos 324 hectares removidos, 236 são de remanescentes florestais (mata nativa) e 88 ha de vegetação natural.

A maior parte da destruição ocorreu em Mariana, onde ficava o distrito de Bento Rodrigues e a barragem do Fundão.

Foram removidos 321 hectares na cidade. Para se ter uma ideia, nos 15 anos anteriores (2000-2014), a cidade teve 677 hectares devastados, segundo a SOS Mata Atlântica, uma média de 45 hectares por ano. Isso significa que a mata removida no dia 5 de novembro equivale a 7 anos de destruição.

O estudo, além de avaliar o impacto na floresta nativa e na vegetação natural, mediu o impacto em outras áreas, como zonas urbanas, de agricultura e de pasto. No total, 1.775 hectares (17km²) foram afetados, o equivalente a 2.486 campos de futebol.

Desde o último domingo (6), uma equipe da SOS Mata Atlântica está em expedição pelos municípios afetados com o objetivo de coletar sedimentos para análises em laboratórios e monitorar a qualidade da água do rio Doce e afluentes.

“A situação é absolutamente desoladora. Passado um mês do rompimento das barragens os rios ainda estão cor de laranja, com turbidez extremamente elevada e com altíssima concentração de sedimentos e metais”, comenta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.

 O impacto na vegetação se estendeu por 114 km de cursos d’água: 12 km do Rio Doce, 28 km do Rio Carmo, 69 km do Rio Gualaxo do Norte, 3 km do córrego Santarém e 2 km do afluente do córrego Santarém, a partir da barragem de Bento Rodrigues, onde ocorreu o rompimento, até a represa da Usina Candonga, no município de Rio Doce.

Os rios e o assoreamento

A lama só não causou destruição maior justamente por causa da usina. Após passar pelo local, a destruição se concentrou no leito e calha do rio Doce.

Entre a usina e o litoral do Espírito Santo, 564 km do rio Doce foi atingido. Juntando aos 114 km entre Bento Rodrigues e a usina, chega-se a 679 km de rios afetados pelos rejeitos da mineradora Samarco.

Segundo a SOS Mata Atlântica, a lama assoreou completamente o leito dos rios por onde passou, inclusive parte da represa da Usina Candonga.

O assoreamento acontece quando sedimentos ficam depositados no fundo de um rio. Isso provoca várias consequências, como: dificulta a navegação e diminui a velocidade da vazão, já que bancos de areia se formam no leito; alterações no curso d’água; perda da vegetação subaquática, dificultando o habitat e a reprodução dos peixes.

A situação é ainda pior porque o assoreamento é geralmente evitado pelas matas ciliares, ou seja, a vegetação nas margens dos rios. Essas plantas acabam impedindo ou reduzindo a chegada de sedimentos até o rio. Com a destruição dessa vegetação, o terreno local pode sofrer com erosões e o rio acaba ficando mais exposto ao assoreamento.

Veja o estudo completo:

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