Brasileiros que tinham depósitos milionários no HSBC da Suíça, em 2006/2007, usaram empresas conhecidas como offshores (expressão semelhante a “em alto mar”) para movimentar os seus recursos. Essas companhias ficam em paraísos fiscais, como Panamá e Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. São usadas principalmente por quem quer pagar menos impostos, e, desde que o envio e retorno dos valores ao país de origem seja declarado, não caracterizam ilegalidade. As offshores, porém, podem servir a propósitos ilícitos, como ajudar a camuflar dinheiro sem origem comprovada. Levantamento feito pelo jornal O Globo, em parceria com o UOL, revela que havia 14 depósitos acima dos US$ 50 milhões nas planilhas vazadas pelo ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani. Eles chegaram a um saldo de US$ 2 bilhões, mais de um quarto dos US$ 7 bilhões que brasileiros possuíam na filial suíça do banco. Para movimentar esses recursos — que devem ser um dos principais alvos de investigação da Receita Federal —, foram usadas 68 offshores. A discrição é uma das principais características desse tipo de empresa. Na internet, é praticamente impossível localizar qualquer rastro consistente de informação. Nas planilhas do HSBC, as offshores se caracterizam por nomes curiosos como Spring Moonlight, Blue Green Pine, Demopolis e Coast to Coast. As offshores servem, por exemplo, para que empresários protejam seu patrimônio pessoal de turbulências financeiras em seus países. Também dão aos investidores o benefício de pagar impostos mais baixos quando obtém lucros. A vantagem, porém, se dilui quando os recursos são devidamente declarados ao Fisco do país de origem, que cobra sobre os ganhos, não importando onde foram obtidos.
Via Bahia Notícias