O presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ) Eduardo Cunha conseguiu, nesta quarta-feira (20), a aprovação de uma emenda à Medida Provisória 668 que permitirá o Legislativo a realizar Parcerias Público-Privadas (PPPs). Com a autorização, Cunha poderá cumprir sua principal promessa de campanha à liderança da Casa: a construção de um “shopping” com lojas e escritórios de empresas privadas, com valor previsto de R$ 1 bilhão.. Durante a discussão, que durou cerca de três horas, o peemedebista recusou um pedido do PSOL de retirar o artigo com base em uma regra regimental de desagradou a quase todos os partidos. Após ameaças de recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar toda a MP – que autoriza o governo a aumentar impostos de produtos importados –, o presidente recuou e propôs que o trecho sobre as PPPs fosse votado separadamente. Somente o PT, o PSDB, o PPS e o PCdoB orientaram as bancadas a votar contra a autorização para a licitação privada do novo anexo da Câmara. “Está obra não é de interesse da população. Essa matéria não deve ser votada”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Ainda assim, 273 parlamentares foram favoráveis à liberação. O caso foi fortemente criticado pelo deputado Jean Wyllys (PSOL), que classificou o parlamento brasileiro como “House of Cunha” (referência ao seriado House of Cards, que trata sobre o jogo político americano). “Enquanto o povo trabalhador sofre os efeitos da crise econômica e do ajuste fiscal do governo, o Congresso, que deveria estar preocupado em dar soluções àqueles que mais precisam, parece viver numa dimensão paralela, numa espécie de sala VIP, onde não chegam as vozes, as demandas e as necessidades da população”, avaliou, em uma publicação em seu perfil no Facebook. Wylys chamou a aprovação de “papelão” e disse que a provocação feita ao PSOL por Cunha foi uma retaliação ao seminário LGBT do Congresso, em que Daniela Mercury cantou “Apesar de Você”, de Chico Buarque e beijou a mulher. “Você que hoje está preocupado, pensando em como fará para pagar a conta de luz, as compras do supermercado e a educação dos seus filhos, fique sabendo: para a maioria dos deputados, a prioridade é ter um novo prédio anexo, para contar com gabinetes mais confortáveis e lojas das melhores marcas. Gostou?”, questiona.