G1
O fotógrafo capixaba Leonardo Merçon, do Instituto Últimos Refúgios, foi a Governador Valadares, em Minas Gerais, e registrou a situação do Rio Doce após a passagem da lama proveniente das barragens de rejeitos rompidas em Mariana, no estado mineiro. “Foi difícil fotografar com os olhos cheios de lágrima”, disse Merçon.
Ele contou que resolveu ver com os próprios olhos o tamanho do desastre. Foi acompanhado de outros fotógrafos até Baixo Guandu, Noroeste do Espírito Santo, aguardar a lama. Mas, como atrasou, foram atrás dela até chegar a Governador Valadares.
“Quando chegamos lá, vimos os peixes sufocando na superfície e, quando a gente chegou mais perto, conseguimos ver que não eram só os peixes maiores, eram os caramujos, os camarões tentando subir nas pedras, que estavam muito quentes. Mas eles preferiam subir a ficar naquela água, que eu não faço ideia do que tem nela”, falou o fotógrafo.
Merçon destacou que, mesmo que não haja tóxicos na água, a vida dos peixes já foi afetada. “Está matando tudo, desde os maiores peixes aos micro-organismos. O rio vai ficar estéril, vai haver um extermínio da vida do rio mais importante do estado”, afirmou.
Apesar de já ser possível ver o que vem acontecendo no rio, o fotógrafo destacou que não dá para prever o que vai ser do mar. “Não fazemos a mínima ideia do que isso vai causar. O mar também tem ecossistemas muito frágeis, os corais, as tartarugas. O pessoal do Tamar está falando que pode afetar a desova das tartarugas, afetar um trabalho que eles já estão fazendo há anos”, explicou.
Peixe na lama de mineração, no Rio Doce (Foto: Leonardo Merçon/ Instituto Últimos Refúgios)