Correio24Horas | Foto: Dimitri Argolo Cerqueira
O Rio Paraguaçu, o maior rio do território baiano, está sendo prejudicado pelos incêndios na Chapada Diamantina, que ocorrem há pelo menos um mês. O fogo já consumiu a vegetação de várias nascentes e afeta um projeto de revitalização da bacia do Paraguaçu, coordenado pela Conservação Internacional (CI-Brasil).
Dos 70 hectares da área demonstrativa de restauração, onde foram plantadas mudas nativas para a recuperação de matas ciliares, oito hectares já foram devastados pelos incêndios. A informação é do geógrafo Rogério Mucugê, gerente de projetos da organização. Outro trabalho afetado é o de coleta de sementes para a produção de mudas, pois algumas das áreas onde essas sementes eram coletadas também foram queimadas.
“Teremos de fazer novamente o trabalho nessas áreas, do zero. Os incêndios afetam não só as ações do projeto como qualquer ação de recuperação ambiental das margens do Paraguaçu, além de provocarem prejuízos econômicos, culturais, sociais e ambientais para a Bahia, não só para a Chapada”, afirma Mucugê. O projeto é realizado em parceira com o governo do estado e patrocinado pela Petrobras. O rio Paraguaçu é responsável pelo abastecimento de 60% da população da Região Metropolitana de Salvador.
Incêndios na Chapada Diamantina são constantes e ocorrem todo ano entre agosto e fevereiro, período mais seco e com menos chuva no Nordeste. Esse cenário, conforme o geógrafo, tende a piorar devido ao aquecimento global e ao El Niño, fenômeno que afeta os regimes de chuva em regiões tropicais.
“O El Niño potencializa a seca nesta região. As matas ciliares, que protegem os rios, amenizam esses efeitos, mas elas estão sendo queimadas. Sem que haja um planejamento territorial integrado para combate e prevenção de incêndios, a perspectiva para futuro é essa situação piorar”, diz Mucugê. Esse planejamento, segundo o geógrafo, envolve governo, sociedade civil, empresas e demais usuários que utilizam e se beneficiam dos recursos naturais da Chapada Diamantina.