CPTBA
No dia 01 de fevereiro de 2016, o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), João Carlos Derzi Tupinambá, dispensou através da portaria número 007/16, uma série de servidores da INB, em Caetité (BA), por denúncia de corrupção, incluindo o Superintendente de Engenharia e Qualidade (SULIQ. M), Hilton Mantovani Lima. Além de Lima, foi dispensado também Pedro Luís dos Santos Dias, que segundo o documento abaixo, ocupava duas funções dentro da empresa: Superintendente de Recursos Minerais (SUPRIMI. M), no âmbito da Diretoria de Recursos Minerais e exercia também a função de Gerente Administrativo de Caetité, no âmbito da mesma diretoria. A mesma portaria designa de imediato outros agentes para ocupar o cargo: Adalto Seixas para ocupar a vaga de Hilton Mantovani e Heraldo Rangel Junior para a vaga de Pedro Luís dos Santos Dias.
“Este caso envolve denúncia feita a Policia Federal sobre desvio de material e esquema de corrupção. A partir desta denúncia, no ano passado, a Controladoria Geral da União (CGU) pediu esclarecimentos da INB sobre o suposto esquema de fraude na licitação”, explica o diretor do Sindicato de Mineradores de Brumado e Micro Região (SINDIMINE/Ba), Lucas Mendonça.
Segundo ele, a partir deste momento foram criadas duas comissões para dar conta das denúncias e apontar os responsáveis.
As denúncias envolviam situação de compra e desvios de bloquetes para uso pessoal. “Os bloquetes foram comprados sob a responsabilidade de Hilton Mantovani, em nome da INB, entretanto o material foi desviado para a realização do calçamento da rua da casa do próprio superintendente”, afirma Mendonça.
Logo após as denúncias, segundo Mendonça, o Superintendente foi intimado a depor e logo depois o material chegou à INB. Entretanto o material chegou fora do prazo da licitação e a CGU descobriu que o material devolvido era de qualidade inferior ao solicitado para compra na licitação.
Ainda segundo Mendonça, as investigações descobriram que Hilton Mantovani tinha duas empresas que prestavam serviço a INB e que estavam em nome da mulher do próprio superintendente. “A INB deve prestar esclarecimentos à CGU e até dia 15 de março haverá uma reunião de diretoria da empresa para decidir sobre a demissão de Hilton”.
O sindicalista vai além e faz sérias criticas à gestão anterior, que tinha Hilton Mantovani como superintendente. Segundo ele, a INB já tem dois anos sem operar, não conseguindo garantir nenhuma produção, devido à perda de licenças junto aos órgãos ambientais. “A INB está paralisada. Todas as licenças foram perdidas no período da gestão passada. A empresa somente dá prejuízo. Os funcionários vão para empresa para não fazer nada, pois não tem em que trabalhar”, denuncia Mendonça.
Presidente da INB denunciado
Os imbróglios envolvendo a gestão da INB, no entanto, não param por aí. João Carlos Derzi Tupinambá, indicado em janeiro deste ano para presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em substituição a Aquilino Senra Martinez, demitido pela presidente Dilma Rousseff, responde a três processos de improbidade administrativa no Tribunal de Justiça do Rio, como destaca a revista Época, em matéria publicada no site em 18/01/2016 (veja aqui) .
O atual presidente é indicado, como aponta a mesma noticia, e apadrinhado pelo “deputado federal Washington Reis, ex-prefeito e, portanto, ex-chefe de Tupinambá”. O supracitado deputado, segundo o site Congresso em Foco, esteve envolvido no ano de 2014 em sete crimes a ser respondido ao Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles:
• AP 618 – Crime Contra o meio ambiente e patrimônio genético, quadrilha ou bando;
• Inq. 3493 Crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;
• Inq. 3538 Crimes de Responsabilidade
Verifique em Congresso em Foco
O mesmo deputado é aliado do deputado Eduardo Cunha, denunciado por estar envolvido em uma série de esquemas de corrupção e de lavagem de dinheiro, além de ter uma atuação no congresso bastante questionada, por violar muitos dos Direitos Humanos, como no episódio da votação da diminuição da maioridade penal. O Washington Reis foi também um dos nove deputados que buscou blindar Eduardo Cunha das investigações e cassação do mandato, como destaca o site Pragmatismo Politico (veja aqui).
A gestão da empresa na Unidade de Caetité, que nesses 15 anos na região, tem como característica, a omissão e silêncio sobre os problemas e impactos provocados à população, neste momento é obrigada a quebrar o silêncio junto aos órgãos de fiscalização e frente a este caso de corrupção. As mudanças feitas no comando da presidência, pelo contexto descrito, não apresentam muitas esperanças de mudanças. O projeto nuclear no Brasil e em Caetité, ainda é um grande segredo, onde a corrupção é apenas uma veia aberta.