Tiago Marques | Redação 96FM
Uma inspeção de segurança reduziu a capacidade de pouso e decolagem da pista do aeroporto de Guanambi, os pilotos não conseguem mais registrar plano de voo de aeronaves que necessitam de mais de 800 metros de pista para realizar a aterrissagem e decolagem no local. Somente aviões de pequeno porte estão autorizados a operar na pista que tem 1700 metros, jatinhos e aviões maiores precisam desviar a rota para Caetité, Caculé ou Brumado. O motivo da suspensão dos pousos e decolagens de aeronaves maiores é o relevo do local onde está localizado o aeroporto, depois de mais de 25 anos da inauguração, o Decea realizou uma inspeção e considerou que os morros do entorno do aeroporto representam risco para pousos e decolagens de aviões maiores.
Cinco morros e uma árvore foram georreferenciados pelo Decea que publicou as informações no boletim NOTAN do Sistema de Informações Aeronáuticas da Força Aérea Brasileira. Neste boletim estão os avisos que contém a informação relativa ao estabelecimento, condição ou modificação de quaisquer instalações, serviços, procedimentos ou perigos aeronáuticos, cujo pronto conhecimento seja indispensável ao pessoal ligado à operações de vôo.
No dia 14 de Julho foi incluído no NOTAM a observação de restrição de pousos e decolagens para aeronaves que utilizam mais de 800 metros na pista. A observação também instruiu os pilotos de aeronaves que se enquadram nas condições de decolagem e pouso que o tráfego deve ser executado a partir da região sudoeste do aeroporto, ou seja, os aviões precisam passar por cima da cidade nos pousos e decolagens. A restrição vale até o dia 09 de Outubro ou até que uma nova inspeção reconsidere os riscos.
Aeroporto completamente fechado em Setembro
A outra notificação relativa ao aeroporto de Guanambi disponível no NOTAM, é sobre o fechamento por quinze dias do local para a realização de uma inspeção. De 05 a 20 de Setembro nenhuma aeronave ira pousar ou decolar em Guanambi. Informações apuradas pela Redação 96FM são que a Secretaria de Infraestrutura que realizará a inspeção, o objetivo seria a sondagem da pista para tentarem a requalificação para pousos de aeronaves maiores mesmo sem a reforma prevista, varias perfurações seriam feitas para a averiguação da qualidade do asfalto. A Seinfra foi contactada para falar sobre as novas restrições impostas e como elas devem impactar nos planos do funcionamento comercial do aeroporto, o órgão deve se pronunciar em breve.
‘Sonho Azul’ mais distante
O sonho do guanambiense de viajar de avião em voos comerciais pode ter ficado comprometido depois desta constatação da ANAC. Na prática, segundo as restrições impostas, ‘o aeroporto de Guanambi foi construído em local inapropriado para operação de voos comerciais’, o que deve inviabilizar a operação da Azul Linhas Aéreas caso a restrição seja mantida, a empresa pretende ofertar uma linha comercial com voos regulares para Salvador e Belo Horizonte.
Em Julho de 2015, durante o lançamento do Plano Aeroviário da Bahia, Marcos Cavalcante, secretário de infraestrutura do estado, afirmou que o aeroporto de Guanambi seria o próximo a funcionar no estado, a Azul Linhas Aéreas também chegou a declarar que a operação do voo Salvador/Belo Horizonte com escala em Guanambi estaria próxima de ser inciada. Desde janeiro o aeroporto de Guanambi é administrado pela Secretaria de Infraestrutura da Bahia que assinou concessão doo local por 35 anos. Uma ampla reforma foi realizada no saguão e intermediações da pista, cerca de R$800 mil reais foram investidos pela prefeitura, a maior parte da verba é oriunda de emenda do deputado Arthur Mais (PPS) através do ministério do turismo. Também foi construída a instalação de combate a incêndios aeroportuários, um caminhão especializado já foi adquirido.
A necessidade de uma reforma na pista atrasou o início das operações do aeroporto, para receber aeronaves maiores é necessário um investimento de R$5 milhões na requalificação da pista, verba que pode ser comprometida com a redução do programa de investimentos em aeroportos anunciado nesta semana pelo Governo Federal.
Ricaços ficam sem teto para aterrizagem
Artistas, políticos e empresários mais afortunados também não encontram mais condições de pousar e decolar seus jatinhos no aeroporto há mais de um mês. Aeronaves que estavam nos hangares foram retiradas para outros locais devido às restrições, sob risco de ficarem ‘presas’ sem poder decolar. Em média, cerca de 50 pousos e decolagens acontecem todos os meses em Guanambi, o aeroporto é frequentemente usado para abastecimento de aeronaves em trânsito que passam pela região. Os jatinhos encontram condições de pouso em aeroportos com pistas menores, como Bom Jesus da Lapa, Caetité e Caculé, que possuem pista com cerca de 1300 metros, 400 a menos que em Guanambi.
O aeroporto de Guanambi já recebeu aviões como o Hércules da FAB e o ATR-72, modelo similar aos usados pela Azul em voos regionais.