Com o vazio sanitário para a cultura do algodão, que vai de 20 de setembro a 20 de novembro, a Bahia se prepara para a safra 2016/2017. Com uma área de 234,9 mil hectares, o estado da Bahia – segundo maior produtor de algodão do Brasil, colheu cerca de 235 mil toneladas de pluma nesta safra 2015/2016, sendo a área de sequeiro de 211,2 mil hectares e a área de irrigado de 23,6 mil hectares, com uma produtividade média de 165@/há.
O algodão produzido na região oeste da Bahia representa cerca de 98% de toda produção estadual, cultivando uma área de cerca de 226 mil hectares. Já a região sudoeste apresenta uma área de 8,2 mil hectares. Para a próxima safra, a Bahia deve plantar cerca de 202,2 mil hectares, segundo estimativa da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
“Acredito, no potencial do algodão baiano. Em breve retomaremos a área, e, em futuro bem próximo, teremos em torno de 500 mil hectares”, disse o presidente da Abapa, Celestino Zanella. Segundo o presidente, a falta e de chuva, o preço reprimido internacionalmente, e a estagnação do consumo da fibra, foram os grandes problemas enfrentados nesta safra e os principais responsáveis pela redução de área.
Nos últimos cinco anos, em média 53% da pluma foram destinadas ao mercado interno, 70% com destino à região sudeste e 95% do caroço ao mercado norte e nordeste. Em 2015, o volume exportado de pluma do estado, representou cerca de 47% da produção local e teve como principais destinos a Turquia, o Vietnã, Indonésia e China, que juntas absorveram cerca de 59% da produção. Nesta safra, entre janeiro até setembro, a exportação da pluma alcançou 133,2 mil toneladas, o que representa 59% da produção.
Qualidade – Conforme dados do Centro de Análise de Fibras da Abapa, mais de 785 mil amostras já foram analisadas, até a data de fechamento da matéria, pelos Laboratórios da Abapa. Segundo o gerente do Laboratório, Sérgio Brentano, o algodão baiano apresentou uma boa qualidade nessa safra. “Apesar das baixas produtividades obtidas nas lavouras, o algodão baiano apresentou melhor qualidade intrínseca e extrínseca, em comparação com as últimas três safras, destacando a maior uniformidade da fibra”, disse Brentano.
O Centro tem capacidade para receber 25 mil amostras por dia, sendo composto por equipamentos de Instrumento de Alto Volume (HVI) de última geração, infraestrutura moderna, seguindo os padrões exigidos internacionalmente e profissionais qualificados. Essa estrutura dos laboratórios de análise de fibra de algodão instrumental permite que a Abapa obtenha resultados de HVI com credibilidade.
Os dados estatísticos com comparativos entre safras está disponível no site da Abapa, no menu do Laboratório (http://abapa.com.br/estatisticas-hvi/).
Vazio Sanitário – Esse é o período em que as plantas vivas devem ser eliminadas das áreas de cultivo (soqueiras e tigueras), sendo do dia 20 de setembro a 20 de novembro de cada ano, e tem como objetivo o controle de pragas, como o bicudo-do-algodoeiro. “Durante as diversas reuniões e tours que aconteceram ao longo da safra, por conta da Campanha Agora é Guerra, foram listadas algumas boas práticas para o controle do bicudo, que serve de recomendação para esse período, como o cumprimento do vazio sanitário sem prorrogação. Esperamos que todos os produtores se atente ao prazo”, disse o coordenador do Programa Fitossanitário da Abapa, Antonio Carlos Santos.
Combate ao Bicudo – A Abapa por meio do Programa Fitossanitário, desenvolveu ao longo da safra a Campanha Agora é Guerra, criada com o objetivo de unir a cadeia produtiva para combate do bicudo-do-algodoeiro. Segundo os números apresentados pela Abapa, na região oeste, o índice de infestação do bicudo-do-algodoeiro, baixou cerca de 80% em relação à safra passada 2014/2015, reduzindo o número de aplicações para controle de 22 para uma média de 12 aplicações.
“Os números mostram que, nessa safra, tivemos um controle e manejo do bicudo-do-algodoeiro bem melhor que nas safras anteriores. Acredito que o principal ganho, além da redução do número de aplicações, foi a redução quase que total das perdas causada pela praga. Nos últimos anos, perdemos cerca de 20@/ha em caroço, por conta exclusiva do bicudo, nessa última safra essa perda foi praticamente zero. Sem dúvida, esses resultados são a somatória do conjunto de esforços entre entidades, produtores, consultores, gerentes de fazendas e demais envolvidos com a Campanha. O trabalho realizado nos núcleos também foi decisivo para esse avanço”, disse o coordenador do Programa Fitossanitário, Celito Breda, que também chamou a atenção para a importância da continuidade do trabalho: “Algumas outras experiências nos mostram que uma grande tendência, após reduzir o índice de bicudo nas lavouras, é entrar na zona de conforto. Saliento que estamos tendo uma oportunidade inédita de empurrar essa praga, que é a principal praga do algodoeiro, para bem longe em nível de importância, e continuar reduzindo os riscos. Com a presença do bicudo, não será viável plantar algodão em nenhum lugar do Brasil. Assim, finalizo dizendo que esse trabalho precisa continuar”, salientou.
A campanha trabalha com 18 núcleos regionais, sendo 15 na região oeste e três na região sudoeste da Bahia, formados a partir da integração dos produtores de algodão de uma mesma sub-região, que se comprometem em seguir, de maneira organizada, um plano técnico com medidas eficazes. Os núcleos têm como líderes, os próprios produtores, que juntamente com a Abapa, ficam responsáveis por reuniões, tour nas fazendas vizinhas, e debates de boas práticas agrícolas para determinada área. Ao longo da Campanha foram realizados cursos e treinamento, destruição de plantas nas beiras de rodovias, dentre outras ações.
Participam da Campanha produtores, consultores, gerentes, engenheiros agrônomos, técnicos e colaboradores dos núcleos de produtores de algodão. A ação faz parte do Programa Fitossanitário da Abapa, que conta com a parceria do Programa Fitossanitário da Bahia, Embrapa, Adab, Fundeagro, Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Aiba e Fundação Bahia.
Assessoria de Comunicação ABAPA