Salvador é a primeira cidade brasileira a receber o Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), inaugurado nesta segunda-feira (28). Localizado no Campo Grande, o espaço vai atender cerca de 200 pacientes por mês e ainda funcionará como um espaço para capacitação de profissionais voltados ao atendimento às pessoas com Transtorno do Espectro Autista em todo a Bahia. A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde (Sesab), levará tratamento e atendimento multiprofissional aos portadores de autismo, além de prestar apoio aos familiares dos pacientes atendidos, o que pode servir de modelo para todos os estados brasileiros.
O governador Rui Costa, acompanhado da primeira-dama do Estado e presidente das Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), Aline Peixoto, participou da inauguração e, emocionado, falou sobre o carinho e prioridade com os quais ele e a primeira-dama tratam as questões de saúde, principalmente no que se referem à crianças.
“Gostaria de agradecer a todos que colocaram tanto esforço e tanto amor nesse espaço, que fará tanta diferença na vida dessas crianças. Além de fazer atendimento e capacitação, esse Centro vai permitir que possamos dar capilaridade à assistência do Estado. A partir daqui, poderemos replicar capacitação e conhecimento em todos os locais onde houver lugar para atender crianças como essas que serão recepcionadas. Esse é também um símbolo da nossa determinação e do nosso esforço para que possamos aplicar os recursos em serviços essenciais como esse. E a saúde está entre as nossas prioridades”, afirmou o governador.
O investimento é de R$ 7,2 milhões para serviços de administração durante os próximos dois anos, e, somente na reforma, foi utilizado R$ 1,2 milhão para a construção de salas repletas de brinquedos que mexem com os sentidos e com a sensibilidade das crianças, como a Sala Corpo e Movimento, a Neurossensorial. Para a pediatra e diretora da Liga Álvaro Bahia, o centro traz uma proposta inovadora. “Seremos uma unidade docente assistencial que vai atender às crianças e também capacitar os profissionais da rede, tanto do ponto de vista da educação, quanto de saúde. Isso vai fomentar todo conhecimento, sobre como diagnosticar, como tratar, o que é um desafio e um projeto único no Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Com a gestão sob responsabilidade da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, por meio de contrato com a Sesab, uma equipe de assistentes sociais, educador físico, enfermeiro, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, musicoterapeuta, nutricionista, pedagogo, psicólogos e terapeutas ocupacionais, vai atender os pacientes e realizar cerca de quatro mil procedimentos por mês. Tudo com o objetivo de promover o desenvolvimento e a inclusão social dos autistas, além de esclarecer dúvidas para a família.
Quem quiser ter acesso ao serviço, que é gratuito, estarão abertos à demanda, já a partir desta terça-feira (29), o cadastramento e marcação via telefone (71) 3336-6147, diariamente, das 8h às 12h. Já o atendimento acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. É preciso apresentar certidão de nascimento ou documento de identidade, comprovante de residência, cartão SUS e documento de identidade do responsável.
Diagnóstico precoce
De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), são cerca de 70 mil autistas na Bahia, sendo que uma parte deles apresenta algum grau de deficiência intelectual, principalmente pela falta de estímulo. Para a fonoaudióloga e coordenadora do Centro de Referência, Tatiane Chagas, o que será realizado no Centro é o que há de melhor para o desenvolvimento das crianças e jovens autistas. “Hoje já é comprovado que o melhor tratamento para a terapia interdisciplinar, um projeto integrado, que é o que oferecemos aqui. São crianças muito diferenciadas e especiais e precisam da nossa atenção nesse sentido, aqui a equipe está coesa
Segundo o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, esse é resultado de um esforço para assistir e diagnosticar precocemente o autismo, e a experiência baiana poderá servir de exemplo. “Esse é o primeiro centro desse tipo no País, e que servirá de modelo para o Ministério da Saúde para implantar centros semelhantes em todo o Brasil utilizando nosso plano de trabalho, nossa metodologia científica para começar a desenvolver, o quanto antes, as potencialidades desses pacientes que apresentam características tão diversas uns dos outros”.
Para Linea Santos, mãe de Ravi, 6 anos, que tem autismo, o espaço é a realização de um sonho. “Estávamos precisando de um centro especializado, que abranja todas as especialidades. E agora, com esse lugar,tudo que a gente espera é que os nossos filhos se desenvolvam, se incluam na sociedade, porque eles são capazes”.
Repórter: Anna Larissa Falcão | Secom