Redação 96FM
A mineradora Vale receberá multa da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) por conta de um vazamento de rejeitos que contaminou rios e córregos da região central do estado, próximo ao limite com a bacia do rio Doce. O problema ocorreu no último domingo, 12, na conexão de um duto em Ouro Preto, em área próxima do município de Itabirito.
Além da multa, cujo valor ainda não foi definido, a Vale também deverá apresentar, na próxima semana, um cronograma detalhado das ações de limpeza e remediação da área.
Os rejeitos atingiram os córregos da Prata e das Almas, o Ribeirão Mata-Porco, o Rio Itabirito e o Rio das Velhas, afluente do rio São Francisco. A Semad destaca que houve aumento da turbidez (redução da transparência) nos mananciais afetados e que os danos ambientais ainda estão sendo avaliados. Todavia, a secretaria garantiu que não há risco para o consumo de água na região, pois a captação é feita em córregos que não foram atingidos.
Devido a mudança de cor do rio, identificada por gestores de Itabirito, o problema foi diagnosticado. “Temos um grupo de monitoramento e um integrante voluntário notou a turbidez da água na noite de domingo. No dia seguinte, enviamos fiscais para investigar as causas, e eles encontraram a adutora onde houve o vazamento. Já havia funcionários da empresa realizando os reparos”, disse o secretário de Meio Ambiente de Itabirito, Antônio Marcos Generoso.
O secretário, contudo, reclamou pelo fato de a Vale não ter lhe informado sobre o acontecido. Além disso, ele expressou preocupação em relação ao assoreamento dos mananciais e reservatórios da região e citou o exemplo de uma pequena central hidrelétrica que foi atingida pelo vazamento.
Para a Vale, o incidente foi de baixo grau de intensidade. Em nota, a mineradora informou que o duto é parte da estrutura da mina de Fábrica, cuja sede fica em Congonhas, e que o problema foi identificado na última segunda-feira, 13. “O vazamento foi contido de imediato e os esclarecimentos aos órgãos ambientais foram prestados no mesmo dia. Todas as ações para mitigação já foram adotadas, e as causas do evento estão sendo apuradas”, relatou a empresa.
A mina de Fábrica fica somente a 53 quilômetros em linha reta do local onde ocorreu o episódio que é considerado a maior tragédia ambiental do Brasil: a tragédia de Mariana (MG). O fato se deu em novembro de 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A. Dezenove pessoas morreram no desastre e comunidades foram destruídas, com devastação de vegetação nativa e poluição da bacia do Rio Doce.
Foto: Divulgação/