Em entrevista concedida ao Bahia Notícias na última semana, o secretário de Segurança Pública do Estado (SSP-BA), Maurício Barbosa, declarou que a liberação da maconha traria sérios prejuízos financeiros aos traficantes.
Ele disse que as disputas decorrentes das atividades do tráfico de drogas respondem por cerca de 70% dos homicídios registrados pela SSP e que é necessário revisar a política de combate ao tráfico. ““Os Estados Unidos investem mais de R$ 1 trilhão na guerra contra as drogas e é o maior mercado consumidor de drogas no mundo. E se vê países europeus que adotaram outra visão de redução de danos. Ou seja: o Estado fornece a droga para o viciado, o dependente químico, a partir do momento em que ele se integre ao planejamento de sair do vício. Ele sai da figura do traficante: o próprio Estado dá a droga, diante de uma série de questões que a pessoa tem que fazer para se libertar do vício. Os índices de criminalidade nesses países reduziram drasticamente”, disse.
Para Barbosa, a simples entrada da polícia sem uma semântica de investimento em outras áreas não vai resolver o problema da criminalidade. Ele defende que o fim da proibição da maconha causaria sérios transtornos aos traficantes baianos. “Se aceitássemos, através de uma opinião da sociedade, as modificações das leis, que a maconha fosse liberada hoje, eu quebrava financeiramente hoje as quadrilhas em 80%. Não é uma coisa a ser pensada, é óbvio que é. Só que ninguém quer, o país é extremamente conservador para se discutir essas questões, mas ao mesmo tempo não quer meter a mão para resolver o problema. Essa discussão vai além da polícia. A polícia sofre as consequências da ponta. Tudo que a sociedade não quer discutir, quer marginalizar, é problema da polícia. É a nossa visão isso, tem que andar de forma conjunta”.