Tiago Marques | Agência Sertão
Trabalhadores das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste estão de braços cruzados desde o dia 20 de fevereiro. Eles resolveram parar as atividades após o atraso de quase dois meses do salário. Segundo representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sindipav – Bahia), a empresa Pavotec, responsável pela execução do lote 5 da obra não está repassando os salários aos operários da obra.
Segundo o Sindipav, cerca de 350 operários trabalham na obra, além do salário atrasado, o sindicato cobra da Pavotec o pagamento de direitos trabalhistas a operários dispensados no final do ano passado.
Procurada, a Pavotec informou que negocia com os trabalhadores o pagamento e que já informou uma previsão para regulamentação dos salários e o retorno da obra. A empresa não informou se há atrasos de repasses por conta da VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, estatal responsável pela execução da obra.
Representantes da Valec informaram que a Pavotec não apresentou à empresa o seguro garantia, documento indispensável para a efetivação do aditivo do contrato, vencido em dezembro do ano passado. A Valec informou que não pode realizar o pagamento de novas medições na obra enquanto a Pavotec não regularizar sua situação fiscal junto à estatal.
A construção do lote 5 da Fiol é de responsabilidade do consórcio Pavotec/Trial, são 162 km no trecho que vai de Bom Jesus da Lapa até Caetité. O último boletim da Valec, atualizado em dezembro do ano passado, indica que apenas 23% das obras do lote foram concluídas.
Obras atrasadas
A construção da Fiol faz parte das ações do Programa de Aceleração do Crescimento (Pac). O objetivo da ferrovia é favorecer o escoamento da produção de grãos do Oeste do Estado e da extração de minério da Bahia Mineração em Caetité. O Porto Sul, cujas obras ainda não foram iniciadas, será o ponto final das cargas que sairão para várias partes do mundo. A obra da ferrovia começou a ser construída em 2011 e a previsão do governo era entrega-lá em 2014. Entretanto, a falta de dinheiro fez com que a obra praticamente travasse e o ritmo de construção foi diminuindo.
O trecho Ilhéus/Caetité (Fiol I) já está com 72,8% das obras concluídas, segundo a Valec, o trecho será finalizado no segundo semestre desse ano. Atualmente o empreendimento gera 469 empregos diretos e cerca de 1000 empregos indiretos. O lote I (Iapú Ilhéus), do consórcio Pavotec/Trial está praticamente parado com 40,5% das obras concluídas. Outro trecho que está com obras paradas é o lote 4 (Caetité-Tanhaçu). Ele está com 76,6% das obras executadas pelo Consórcio Andrade Gutierrez/Barbosa Melo/Serveng, no entanto o contrato foi rescindido em março de 2016 e as obras remanescentes serão licitadas.
Já o trecho Caetité/Barreiras (Fiol II) tem apenas 19,6 % das obras concluídas. A previsão de conclusão das obras da FIOL II (Caetité/ Barreiras) é para o segundo semestre de 2019. Atualmente, este empreendimento gera 1371 empregos diretos e cerca de 1800 empregos indiretos. O trecho Barreiras(BA)/Figueirópolis(TO) ainda não foi iniciado, ele interligará a Fiol à Ferrovia Norte-Sul (FNS) e vai possibilitar a integração da sistema ferroviário nacional.
O projeto da Fiol prevê a construção de 1.526 km de trilhos de Ilhéus (BA) até Figueirópolis (TO).
Porto Sul
O Estado da Bahia e a Bahia Mineração (Bamin) fecharam acordo na China com o cronograma de atividades iniciais para as obras do Porto Sul, que possui todas as licenças necessárias para início da construção. De acordo com o governo estadual, o Porto Sul tem investimento total previsto de R$ 2,7 bilhões e será construído na localidade de Aritaguá, no litoral norte de Ilhéus.
Pelo porto será escoado, principalmente, o minério de ferro extraído pela Bahia Mineração no município de Caetité. A previsão é que cerca de 20 milhões de toneladas ao ano de minério de ferro de alta qualidade sejam escoados pelo prazo de até 30 anos. O minério sairá de Caetité e chegará ao porto, em Ilhéus, através da Ferrovia Oeste-Leste que terá extensão de 1.527 km, sendo 1.100 km no estado da Bahia. A ferrovia terá capacidade para transportar 60 milhões de toneladas por ano.