Joana Martins | Agência Sertão
Nos últimos seis meses, dois casos de esporotricose foram diagnosticados na cidade de Guanambi. A esporotricose é uma micose causada pelo fungo Sporothrix schenckii que pode afetar animais e humanos. Normalmente, afeta a pele e os vasos linfáticos próximos a ela, mas pode também afetar ossos, pulmão e articulações.
O fungo Sporotrhix schenckii está presente no solo, nos vegetais, espinhos e madeira. Em sua forma clássica, a esporotricose foi por muito tempo conhecida como “a doença do jardineiro”, isso porque era comum afetar esses profissionais, assim como agricultores e indivíduos que tivessem contato durante atividades de lazer com plantas e solo em ambientes naturais. Além de atingir seres humanos, também atinge várias espécies de animais silvestres e domésticos, principalmente gatos e cachorros.
Para a médica veterinária Diana Rocha “os gatos geralmente adquirem a forma grave e disseminada da doença, enquanto os cachorros adquirem a forma de baixa virulência, semelhante a dos humanos” diz a veterinária. Ela explica também que a transmissão acontece “quando o profissional ou o cuidador tem contato com o gato, por meio de arranhões, trato respiratório ou com a pele contaminada”.
No entanto, Diana esclarece que existe tratamento para a micose. “Após o diagnóstico realizado pelo médico veterinário, existe um tratamento e cura da doença, por isso é muito importante o uso das medicações corretamente, as luvas para manuseio do animal e mantê-lo isolado em um ambiente higienizado para evitar a transmissão para outros. Esses cuidados tem grande relevância para impedir a disseminação da doença!”, diz a veterinária.
Ela reforça a importância dos tutores não abandonarem, maltrate ou sacrifique o animal com suspeita da doença. A melhor alternativa é procurar o tratamento adequado e se informar sobre os cuidados que devem ter para cuidar do animal sem colocar em risco a própria saúde.
A quantidade de cães e gatos soltos nas ruas de Guanambi, podem ocasionar o alastramento da doença da cidade. “Os animais soltos nas ruas, estando eles infectados, podem servir como disseminadores da doença para outros animais que possuem acesso a rua, mas que também tem um domicílio, o que aumenta a chance de expansão da doença na cidade”, explica a veterinária.
A esporotricose é considerada uma doença negligenciada e um problema de saúde pública. Ela decorre da ausência de um programa ou de ações de controle; da falta de medicação gratuita para o tratamento, tanto em humanos quanto em animais; e do desconhecimento da população sobre as medidas de controle. O gato não é o vilão, na verdade, é a maior vítima da doença. Por enquanto, infelizmente, não há nenhuma vacina contra a esporotricose.