Em busca de lucros cada vez maiores, a Caixa Econômica Federal adotou uma estratégia de enxugar o quadro de servidores e reduzir o número de agências. De dezembro de 2014 até agora, o banco cortou 15 mil funcionários, fechou 30 agências e já tem outras 100 no radar. O levantamento é da representante dos trabalhadores no conselho de administração do banco, Rita Serrano.
Há pouco mais de duas semanas, a instituição lançou um programa de eficiência para reduzir gastos e economizar R$ 2,5 bilhões. A medida atinge todo tipo de despesas, como pagamento horas extras para funcionários, revisão de contratos de aluguel, de prestação de serviços e até mesmo economia com copinho de café, contou Rita. No Rio, a Caixa está mudando sua sede da avenida Almirante Barroso para o Porto Maravilha. Segundo ela, o banco também elevou juros, tarifas e só mais recentemente, reduziu taxas para empréstimos habitacionais, com atraso em relação à concorrência.
Para Rita, a Caixa está cada vez mais parecida com um banco privado:
– Banco público também tem que dar resultado, mas se ele é igual ao privado, perde a razão de existir – destacou Rita, acrescentando que a ideia é empurrar a população, sobretudo de baixa renda, para os correspondentes bancários, como lotéricas, dificultando o processo a bancarização e tornando o atendimento mais precário.
Ao mesmo tempo em que corta gastos, a Caixa realiza amanhã um evento com custo superior a R$ 10 milhões com caráter festivo para seis mil empregados de todo o país, que ganharam passagens para vir à capital.
– Para mim, isso é uma contradição – afirmou Rita, acrescentando que fez questão de deixar sua posição contrária à realização do evento durante a reunião do conselho de administração na semana passada.
– Responderam que era investimento, uma forma de motivar os funcionários – contou ela.
No evento, o banco vai anunciar que a meta para o lucro de 2018 será de R$ 9 bilhões e não mais R$ 7,3 bilhões, conforme fora projetado anteriormente. Em 2017, o lucro do banco foi de R$ 8,7 bilhões (valor que subiu para R$ 12 bilhões com a queda na provisão de gastos com plano de saúde dos funcionários).
Para Rita, o banco tem outras maneiras de fixar metas sem ter que fazer um gasto milionário:
– Todo mundo já está trabalhando sob pressão por resultado.
Agência O Globo