Depois de uma edição em que levou a maior delegação de sua história para a olimpíada universitária (Universíade), em 2017, o Brasil corre contra o tempo para garantir que poderá participar da edição de 2019, que será disputada em Nápoles, na Itália.
O presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), Luciano Cabral, se prepara para buscar apoio financeiro do governo federal.
Segundo ele, vai começar este mês uma série de conversas para conseguir verbas necessárias para inscrever o país na competição. Apesar de estar otimista com o diálogo com o governo federal, ele demonstra preocupação com o fato de o período para pagar a taxa e se inscrever nos esportes coletivos ter acabado em dezembro.
“A gente não conseguiu firmar convênio com o governo federal no ano passado. As inscrições para as modalidades coletivas se encerraram em dezembro. Mandamos a parte documental na expectativa de conseguir os recursos com o governo”, afirmou Luciano Cabral.
No momento em que negocia para estender o prazo junto à Federação Internacional de Esporte Universitário (FISU), da qual Luciano é vice-presidente, a CBDU espera ter retorno positivo do governo. Além da taxa para inscrever os esportes coletivos, o pagamento da inscrição completa da delegação brasileira, que inclui os esportes individuais, terá que ser feito até abril.
Custos
O custo para inscrever cada modalidade coletiva é de 5 mil euros, e o valor total para garantir a inscrição dessa parte da delegação é de 30 mil euros. Fora isso, a inscrição do país dependerá do número de atletas que terão índices nos esportes individuais e estarão disponíveis para participar.
Se não pagar a taxa de inscrição, o Brasil fica de fora da Universíade, competição que reuniu 10 mil atletas em Taiwan, na sua última edição. Em 2017, o Brasil levou 180 atletas, entre eles 19 que participaram dos Jogos Olímpícos do Rio de Janeiro. Na ilha asiática, o país conquistou dois ouros, quatro pratas e seis bronzes. Os ouros foram para a judoca Bárbara Timo e para a seleção feminina de futebol.
“A gente teve um resultado extraordinário. Não só no quantitativo, por ter a maior delegação, mas pelos resultados. Tivemos uma evolução técnica nas modalidades”, lembrou Luciano Cabral, que considera uma situação dramática a hipótese de interromper esse processo de crescimento.
Para ele, na véspera dos Jogos de Tóquio 2020, a competição pode ser mais uma etapa da preparação dos brasileiros.
“Outros países usam a Universíade anterior à Olimpíada como um dos últimos estágios para compor seus times olímpicos. Eles levam equipes muito fortes”, disse.
O presidente da CBDU lembra que o Brasil sofre com outro constrangimento em relação à Universíade de 2019: ela seria realizada em Brasília, mas o Distrito Federal desistiu de sediar o evento.
A capital federal foi escolhida em 2013, mas, depois da eleição de 2014, o então governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou que o Distrito Federal não dispunha de recursos para a sediar a competição, o que fez com que fosse transferida para a Itália.
“Isso nos coloca em uma situação em que não temos muitas condições de questionar. Fica sobre as nossas costas o peso da desistência”, afirmou.
Acrescentou que a busca por patrocinadores privados esbarra na cultura brasileira de investir em atletas já consagrados, em vez de apoiar a formação de novos atletas. “O patrocinador privado no Brasil ainda tem a mentalidade de colocar recursos só em cima de medalhas que tem visibilidade.”
Fonte: Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil