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Faturamento da Bamin com mina em Caetité pode chegar a 2 bilhões de dólares por ano

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Tiago Marques | Agência Sertão

O mina Pedra de Ferro, da Bahia Mineração (Bamin), pode gerar receita bruta de mais 2 bilhões de dólares por ano para a empresa no auge da exploração. Ao longo dos 30 anos previstos de duração da jazida, o faturamento pode chegar a 50 bilhões de dólares, em valores atuais, cerca de R$ 193 bilhões.

Esses valores foram estimados com base no tamanho da reserva, 470 milhões de toneladas, e na cotação do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China. Nesta quinta-feira (6), o metal com 62% de pureza fechou cotado em 98,32. A Bamin diz que vai extrair até 20 milhões de toneladas por ano, sendo que o produto final terá teor de ferro entre 67,5 e 68,5%.


Cotação do Minério de Ferro 62% – fonte: tradingeconomics.com

A Bamin pretende investir 3 bilhões de dólares na construção da mina em Caetité e do terminal de embarque no Porto Sul, em Ilhéus. A empresa diz que as duas obras vão gerar 30 mil empregos diretos e indiretos e que em fase de operação, serão mais de seis mil empregos diretos nas duas localidades.

O projeto da Bamin tinha previsão para começar a extração em 2012, entretanto, devido à queda do preço do minério no mercado internacional, o empreendimento ainda não começou a operar. Em 2011, a tonelada do material chegou a ser comercializado por 190 dólares, com o desaquecimento da economia chinesa, o valor caiu para 40 dólares em 2015. Com o preço em reação, o empreendimento passou a ser prioridade do grupo financeiro que a controla. A extração depende também da conclusão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e do início das obras do Porto Sul.

O que era uma expectativa de desenvolvimento econômico para a região virou motivo de preocupação. A jazida está localizada em sua maior parte em Caetité, outra parte menor fica no município de Pindaí, mas é a população de Guanambi que vive angustiada com o empreendimento. A razão é a barragem de rejeitos, prevista para ser construída na microbacia do rio Carnaíba de Dentro.

Vídeo apresentado pela Bamin em 2010, apresentando as etapas do projeto – à época, a opção da empresa era pela construção de uma barragem à montante.

A população foi em peso às ruas nesta quinta-feira (6) em protesto contra a construção da barragem. Depois dos desastras ocorridos em Marina e Brumadinho, ambas em Minas Gerais, a população passou a se preocupar para não viver drama parecido no futuro. Em caso de um eventual desastre de rompimento da barragem, todo o rejeito escoaria com sentido à barragem de Ceraíma, e em seguida, desceria pelo leito do rio com sentido a Guanambi, seguindo para o leito do rio das Rãs e chegando ao rio São Francisco. Em 30 anos de operação, serão 180 milhões de metros cúbicos de rejeitos armazenados no local, volume três vezes maior do que a capacidade de armazenamento de água da barragem de Ceraíma.

A empresa garante que o seu projeto de barragem é seguro e atende parâmetros nacionais e internacionais. Os licenciamentos de instalação estão emitidos desde 2010, tendo sido renovados este ano, após a empresa propor a construção de um novo modelo de barragem. A empresa informou que gastaria R$ 90 milhões para construir a barragem de alteamento a montante e que agora gastará R$ 200 milhões na construção no modelo a jusante. As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho foram construídas a montante, modelo que foi proibido no país após os desastres em Minas.

Durante participação em sessão ordinária na Câmara Municipal de Guanambi, Wilson Thibes, gerente de mina da Bamin, disse que a instalação do empreendimento proporcionará um desenvolvimento econômico nunca visto na região, com geração de milhares de empregos e aumento considerável da demanda por prestação de serviços nos municípios de abrangência do projeto.

A Bamin pertence à Eurasian Resources Group (ERG), empresa sediada em Luxemburgo, cujo 40% do capital pertence ao governo do Cazaquistão. Anteriormente, a empresa era controlada por empresários indianos da Zamin/Ardila.

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