A Marinha, a Companhia Docas do Rio de Janeiro e terminais privados do Porto do Rio estão elaborando estudos para adotar sistemas de segurança na Baía de Guanabara, que, além de buscar a melhoria no gerenciamento do tráfego marítimo, pretende ampliar o calado [termo que define a distância entre a profundidade do ponto mais baixo da quilha de uma embarcação e a superfície da água] da região para permitir a navegação de navios maiores nas suas águas.
A informação foi dada pelo comandante da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, capitão André Luiz de Andrade Félix, durante a nona edição do Seminário Ação Ambiental, que teve como tema Soluções Sustentáveis para a Baía de Guanabara, organizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), na sede da entidade.
O comandante disse que o projeto começou em janeiro e o trabalho desenvolve três sistemas. O que trata do calado dinâmico já está em avaliação há algum tempo e atualmente é utilizado para a segurança de navegação, não para aumentar o calado, mas para garantir que os navios que entram na Baía de Guanabara estão dentro das normas e, além disso, não causem acidentes.
Observação ambiental
Já quando passar a operar na função de aumentar o calado, haverá a observação ambiental constante para permitir a entrada de navios maiores na Baía de Guanabara.
“Navios com calado maior trarão mais cargas e sairão também mais carregados. Este é o propósito básico de fomentar a economia. Está em testes. Vamos entrar em fase de homologação do sistema [pela Marinha] que está sendo utilizado na baía. Vai ser feita uma fase de comparação de dados ambientais entre o que é efetivamente lido pelo sistema e o que é lido pelo navio, de forma que se faça um cruzamento de informações para ter mais precisão. Estamos esperando a importação de equipamentos pela empresa responsável pelo sistema para colocar nos navios e fazer as medições e o check das informações”, adiantou.
O outro sistema, segundo o capitão, é mais simples teoricamente e fará uma espécie de balizamento mais eficaz dos dois canais de navegação da Baía de Guanabara, tanto o da Barra Grande que fica entre a Ilha de Cotunduba e Fortaleza de Santa Cruz e o Canal de Cotunduba, localizado entre o ponto do Leme, o Pão de Açúcar e a ilha.
“Aparentemente visa aumentar a segurança desses canais, principalmente o da Cotunduba, que é muito apertado e bem restrito, uma vez que o navio entre não tem como escapar. Isso necessita que o balizamento seja muito bem feito e coordenado”, contou.
Tráfego marítimo
O terceiro sistema independe dos outros dois, mas vai ser muito importante para o apoio da instalação chamada de VTMS (Vessel Traffic Management System), que serve para gerenciamento de tráfego marítimo.
“Isso também depende da Companhia Docas e está sendo estudada a melhor maneira de implementar esse sistema e de como ele vai ser guarnecido, ou seja, quem vai efetivamente fazer o trabalho de gerenciar o tráfego marítimo, quem será o operador como se fosse um tráfego aéreo”, revelou.
Segundo o capitão, com a implantação do sistema haverá um controle maior das embarcações que entram e saem da Baía de Guanabara.
“Por exemplo, se tiver um pesqueiro em um canal desse pode tornar o acesso muito perigoso, então, tem que ter uma medida mitigatória para este risco. Entrar com um navio em um canal apertado também gera risco e exige um gerenciamento maior”, disse, acrescentando que ainda não é possível avaliar quando os três sistemas já estarão em operação.
Crimes ambientais
O comandante informou ainda que o combate aos crimes ambientais também na Baía de Guanabara depende basicamente de denúncias e, no caso de uma mancha de óleo, ocorre depois que ela vaza, mas preventivamente são realizadas inspeções nos navios que chegam.
“Existe uma lista a ser seguida com regras internacionais, criadas pela IMO [International Maritime Organization- Agência Especializada da ONU], que seguem os itens a serem inspecionados para garantir que aquele navio não vai causar nenhuma poluição, vai entrar e sair de qualquer um dos portos brasileiros e que sua tripulação tenha uma situação mínima de conforto também prevista por regras internacionais”, afirmou.
Fonte: Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil