Um acervo antigo encontrado dentro de um prédio abandonado em Copacabana intriga técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em um quarto fechado há anos, por debaixo de uma grossa camada de pó, estão quadros, bustos de bronze e mármore, peças de cerâmica, animais empalhados, ossos de bichos e até uma ossada humana.
“A gente ainda não tem uma conclusão. Está muito insalubre. Até para pisar é perigoso. Vamos pensar o que fazer. Vamos ver a logística. Este material tem que ser retirado [para avaliação], lá não tem condição nenhuma”, disse a superintendente substituta do Iphan no Rio de Janeiro, Mônica da Costa, que esteve na tarde desta segunda-feira (22) vistoriando o patrimônio, juntamente com técnicos da prefeitura, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e do Museu Nacional.
Ocupação
O achado foi descoberto por integrantes de uma ocupação do imóvel, o edifício Almeida Rego, na Rua Dias da Rocha, que se preocuparam com a preservação das peças e chamaram as autoridades. A coleção de objetos está no último andar do prédio, semiabandonado, muito sujo de poeira e dejetos de pombos e morcegos.
“A gente foi limpando e abrindo as portas. Aí nos deparamos com aquele acervo. Eu me dei conta de que não eram cacarecos e informei às autoridades competentes. Até agora não se sabe nada [sobre a procedência]. Só com a investigação vai se saber se era de algum colecionador particular, se é ilícito, se tem algum valor. Nós fizemos o nosso papel, que era devolver isso à sociedade”, contou Indianara Siqueira, coordenadora da Casa Nem, abrigo para LGBTIs, e do Prepara Nem, pré-vestibular para travestis e transexuais, que ganhou os últimos andares do prédio para se instalarem.
A ocupação está sendo acompanhada pela prefeitura do Rio, através da Coordenação Especial de Diversidade Sexual, a fim de resguardar a integridade física dos integrantes da Casa Nem, que já haviam sido expulsos anteriormente de dois outros endereços, na Lapa e em Vila Isabel.
“A prefeitura está aqui para garantir que o mínimo possível possa ser oferecido a esses ocupantes. Se tem alguma questão que envolva a vida dos LGBTs, não há como não tutelarmos”, disse Nélio Georgini, coordenador do órgão.
A ação das autoridades e a presença da imprensa em frente ao antigo prédio chamou a atenção de vizinhos e populares. Alguns moradores da rua disseram que a atual proprietária do imóvel é uma mulher que herdou de sua mãe, que havia sido empregada por anos da dona do prédio, sendo que ambas já são falecidas.
Fonte: Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil