O jornalista Glenn Greenwald criticou o presidente Jair Bolsonaro por ter insinuado, em entrevista coletiva neste sábado, que o editor do The Intercept Brasil poderia ser preso após a divulgação de mensagens do atual ministro da Justiça, Sergio Moro , e de procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. Ao comentar a portaria que permite a deportação sumária de estrangeiros considerados “perigosos”, Bolsonaro disse que a normativa nada tem a ver com o caso do jornalista, mas destacou que ele “talvez pegue uma cana aqui no Brasil” .
Nesta manhã, Bolsonaro afirmou a jornalistas que a portaria assinada por Moro não se aplica a Glenn “até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil”. Chamou-o ainda de “malandro” por ter se casado com “outro malandro”, nas palavras dele, “para evitar um problema desse”, em referência à deportação.
Nascido nos Estados Unidos e radicado no Brasil há mais de uma década, o editor do Intercept é marido do deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos adotivos nascidos no país. O Ministério da Justiça informou, sem citar Glenn, que a nova portaria não permite a deportação nos casos de estrangeiros casados com brasileiros ou com filhos brasileiros.
“Bolsonaro – sendo ele – também implicou que eu me casei com David Miranda e adotei 2 filhos para evitar a lei de deportação. Ele evidentemente acha que eu tenho o poder de prever o futuro: David e eu nos casamos há 14 anos quando eu era advogado, antes de me tornar jornalista. A teoria dele é insana: casei com David 14 anos atrás porque eu previa que precisaria disso no futuro. E sugerir que alguém adotaria – e cuidar de – 2 filhos para manipular a lei é nojento”, escreveu o jornalista na rede social.
Glenn ainda destacou que o Brasil tem 47 mil crianças em abrigos e ressaltou que a adoção deveria ser “linda e encorajada, não zombada”. O editor do Intercept destacou que pode sair do Brasil voluntariamente quando quiser, mas não o fará.