Nos últimos dias, o noticiário e as redes sociais têm repercutido muito o aumento no desmatamento e das queimadas na Região Amazônica. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), existe um aumento de 80% no focos de incêndio registrados na floresta em relação ao mesmo período do ano passado.
No bioma Caatinga, o drama do fogo também é grande. Com o tempo seco, a vegetação se torna muito inflamável e o fogo fica difícil de ser controlado. Segundo dados do portal de queimadas do Inpe, pelo menos dois incêndios estão sem controle na região desde o início da semana.
Em Riacho de Santana, às margens da BR-430, próximo à ponte do Riacho Santo Antônio, na saída para Bom Jesus da Lapa, os satélites registram vários focos de incêndio. Já em Sebastião Laranjeiras, o fogo consome parte da mata da área de amortecimento do Parque Estadual da Serra de Montes Altos, próximo à BA-263, que liga o município a Palmas de Monte Alto.
A Agência Sertão não conseguiu mais informações sobre o fogo no município de Riacho de Santana. Já em Sebastião Laranjeiras, a informação é de que o incêndio começou após um proprietário de terra colocar fogo em uma roça e não conseguir controlar a queimada. Desde quarta-feira (21), agricultores tentam controlar a expansão do fogo sobre a mata.
Os satélites usados pelo Inpe ainda não conseguem estimar os tamanhos das áreas destruídas pelo fogo nos dois incêndios. Esta estimativa só será disponibilizada após o fim do mês.
Até julho, cerca de 2.500 km² de Caatinga foram destruídos pelo fogo em toda a extensão do Bioma. O período de queimadas está apenas começando e causa preocupação devido a longa estiagem agrícola que já dura quase 140 dias e só deve terminar em meados de outubro. Em 2018 foram queimados cerca de 26 mil Km² de vegetação.
Os incêndios florestais são causados geralmente durante o preparo das terras para a agricultura. Com a umidade do ar baixa e a vegetação seca, o fogo se alastra quando não é feito o aceiro corretamente.
Os satélites usados pelo Inpe são capazes de registrar desde grandes incêndios até pequenos focos, como um registrado em uma área localizada no bairro Ipiranga em Guanambi na última quarta-feira. Desde o início do mês, o sistema identificou pelo menos sete focos de incêndio do tipo na cidade.
No Estado da Bahia, municípios do Oeste da Bahia, região de forte expansão agrícola, lideram o ranking das queimadas. Em Formosa do Rio Preto foram registrados 718 focos desde o primeiro dia do mês, enquanto Riachão das Neves registrou 376, São Desidério 303 e Barreiras 269.
Na região de Guanambi, Sebastião Laranjeiras lidera com 161 focos, seguido por Riacho de Santana, com 57 registros.
Os incêndios florestais afetam drasticamente a biodiversidade das áreas atingidas, causando morte de animais e destruição de espécies de plantas. Além disso, a fumaça prejudica a saúde da população, que procura as unidades de saúde em busca de tratamento para problemas respiratórios.
Desmatamento
O desmatamento na região também preocupa. Nesta sexta-feira (23), o advogado Eunadson Donato usou seu perfil no Facebook para denunciar a exploração ilegal de madeira na Região de Guanambi. Ele disse que irá denunciar os crimes à Justiça por meio da Probus, entidade que tem como objetivo combater casos de corrupção na região.
“Região de Guanambi com o bioma da Caatinga também está sendo destruída por facínoras! Saibam que a Probus vai destruir suas reputações ! Não me hesitarei em defender um futuro melhor para a posteridade sem pensar em lucro algum, e aí os capitalistas não entendem isso”, disse o advogado na publicação.
Importância do Monitoramento do Inpe
Na edição desta quinta-feira, o programa Agência Sertão no Ar recebeu Euler Melo Nogueira, doutor em Ciências de Florestas Tropicais, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e professor do Centro Universitário UniFG. O pesquisador é uma das referências no Brasil sobre estudos na amazônia.
Ele falou sobre a importância do trabalho desenvolvido pelo Inpe e dos riscos dos incêndios florestais à biodiversidade, além da relevância do equilíbrio da floresta para o clima de todas as regiões do país.
O pesquisador afirmou ainda que “O Brasil vem passando por um processo de aumento acentuado do desmatamento da Amazônia“.
Confira a entrevista a partir de 6’45”.