Um bingo realizado em um casa de eventos, localizado no bairro Alto Caiçara, em Guanambi, terminou com muita confusão na tarde deste domingo (1º).
O prêmio principal em sorteio era uma caminhonete Toyota Hilux, no entanto, devido a baixa venda de cartelas, a organização queria substituir o veículo por um prêmio em dinheiro.
No microfone do evento, uma mulher da organização explicou que as vendas não foram suficientes. Ela disse que das 800 cartelas colocas a venda, apenas 256 foram adquiridas e por esse motivo propôs substituir o veículo pelo prêmio de R$ 66 mil.
Ela justificou a mudança instantes antes do sorteio dizendo que havia sido informada pelos vendedores durante a semana de que as vendas estavam indo bem, mas só quando chegou a véspera do bingo, pôde constatar que não havia sido vendidas cartelas suficientes para bancar o valor do prêmio, estimado em aproximadamente R$ 130 mil.
Como muitos não concordaram, ela disse que iria devolver os R$ 300 para quem comprou a cartela no local e que na segunda-feira devolveria os valores para quem comprou as cartelas antecipadas.
Alguns compradores de cartelas ficaram revoltados com a proposta de mudança no sorteio e uma confusão começou no local. Uma mulher teria arranhado a lataria do veículo que seria sorteado.
Vídeos mostram organizadores tentando retirar o veículo do local e pessoas impedindo a abertura do portão. Após muito empurra-empurra, o veículo foi levado embora.
O Ten. Cel. Arthur Mascarenhas, comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar, informou à imprensa que assim que soube da realização do bingo, determinou ao coordenador de polícia que fosse até o local e levasse o organizador juntamente com o veículo para delegacia.
No entanto, quando a viatura chegou à casa de eventos, o responsável pelo bingo já havia saído e levado consigo a Hilux. O organizador do bingo seria um homem identificado pelo nome Almir.
O comandante acrescentou apenas que a Polícia Civil e o Ministério Público irão investigar o caso.
MP recomendou extinção de bingos em Guanambi e Região
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) expediu, em março de 2016, uma recomendação aos responsáveis pela realização de bingos em Guanambi, para que cancelem tais eventos. À época, os promotores de Justiça Thiago Cerqueira Fonseca e Daniele Chagas, autores da recomendação, justificaram que a prática de exploração de jogos de bingo configura contravenção penal.
Eles também orientaram os organizadores que anunciassem o cancelamento de bingos por meio do mesmo veículo de comunicação que anunciaram o evento, bem como devolvessem o dinheiro das pessoas que tenham adquirido cartelas, rifas, bilhetes ou equivalentes.
Além disso, foi recomendado ao comando do 17º Batalhão da Polícia Militar que intensificasse a fiscalização nos municípios da região e, caso identificasse a realização de bingos, bem como outros eventos da mesma natureza, apreendessem os bens utilizados e o dinheiro arrecadado e conduzissem os responsáveis à Delegacia de Polícia.
O promotores recomendaram ainda que os delegados da Polícia Civil devem, em caso de flagrante da prática da referida contravenção penal, lavrar o termo circunstanciado, liberando o autuado mediante compromisso de comparecimento. Além de lavrar o auto de apreensão dos bens utilizados e do dinheiro arrecadado.
A recomendação dizia ainda que que os materiais apreendidos deveriam ser liberados somente após autorização judicial e que a ocorrência deve ser direcionada para o Juizado Especial Criminal da comarca de Guanambi.