Depois de tomar fôlego por alguns meses, as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) voltaram a ser paralisadas. Segundo informações obtidas pela Agência Sertão, os recursos prometidos pelo Governo Federal não vieram na velocidade necessária para tocar o projeto.
Por esta razão, a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., estatal responsável pela construção da ferrovia, decidiu pela paralisação dos serviços cujos os recursos ainda não foram empenhados até o fechamento das medições do último mês. Isso incluiria a maioria os serviços previstos até o fim do ano para a construção.
A suspensão das obras acontece duas semanas após o General Márcio Velloso assumir a presidência da Valec. Em seu discurso de posse em 26 de agosto, Velloso disse que a prioridade de sua gestão é concluir a construção da ferrovia. “Hoje, o novo presidente assume, juntamente com o corpo técnico da Valec, a missão de construir a Fiol, ferrovia que deve ser subconcedida”, disse.
O general tenta reverter a situação e espera que os recursos prometidos sejam liberados nas próximas semanas. Enquanto isso, a ordem para paralisar as obras já foi repassada às empreiteiras que executam a construção.
A medida que os recursos forem sendo liberados, a orientação da Valec é de que sejam terminados serviços já iniciados, sem abertura de novas frentes de trabalho e produção de novos insumos, como dormentes e trilhos.
O atraso nos repasses para as obras da Fiol acontece após o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, anunciar que os recursos para o andamento das obras estavam garantidos pelo Governo Federal. O ministro anunciou recentemente que mesmo com a previsão de concessão do trecho I da ferrovia para o primeiro semestre de 2020, as obras iriam continuar nos dois trechos.
A Fiol se integrará ao Porto Sul, que será construído ao norte da cidade de Ilhéus. Após concluído o trecho I, a ferrovia irá transportar o minério que será extraído pela Bahia Mineração em Caetité até o porto, de onde sairá para ser exportado. A expectativa é que a ferrovia transporte até 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Já o trecho II fará a ligação das áreas produtoras de grãos do Oeste da Bahia, enquanto o trecho III ligará a Fiol à Ferrovia Norte-Sul. Ao todo serão 1.527 km de trilhos.
A obra iniciada em 2011, durante o governo Dilma Rousselff, ficou praticamente parada entre 2015 e 2018. Do final do ano passado até agosto deste ano, os recursos voltaram a ser empregados de forma mais constante na construção da Fiol.
O trecho I que compreende o trajeto entre Caetité e Ilhéus está com cerca de 76% das obras concluídas. Já no trecho II, entre Caetité e Barreiras, as obras estão com 36% de conclusão. O trecho III, entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO) ainda está apenas no projeto.
Uma série de reportagem do Jornal da Band, exibidas em maio, mostrou a situação de obras inacabadas pelo país. A primeira reportagem abordou a lentidão das obras da Fiol.
Andamento das obras da Fiol
Fiol I – Ilhéus – Caetité
O lote I, entre Ilhéus e Ipiaú está com 29,1% de conclusão. A Trial é a empresa responsável pela execução dos serviços. Já o trecho 2F, entre Ipiaú e Barra do Rocha já tem 89,6% de conclusão. As obras deste lote são executadas pelo Grupo Galvão.
Outro lote executado pela Galvão já foi concluído, o 2FA, que correspondeu à construção de um túnel com quase 800 metros de comprimento no município de Jequié.
O lote 3F, trecho de 115,36 km entre o município de Barra do Rocha e a ponte sobre o Rio de Contas, próximo a Tanhaçu (BA) foi primeiro trecho a ser concluído. A construção foi executada pelo consórcio Torc/Ivai com a supervisão do consórcio formado pelas empresas Planservi/Hollus e a fiscalização da Valec. (Vídeo gravado em 2018)
o Lote 4F, entre Caetité e Brumado está com 73,6% das obras concluídas. Desde 2016, quando a Valec reincidiu contrato com o consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Barbosa Mello e Serveng, a obra ficou parada e só no começo deste ano foi contratada uma empresa para fazer a conservação das obras já concluídas.
Fiol II – Caetité – Barreiras
O lote 5F, correspondente ao trecho entre Caetité e Bom Jesus da Lapa, está com 40% de conclusão. Depois de ficar praticamente parado entre 2015 e 2018, o trecho evoluiu quase 15% nos últimos 9 meses.
Mais de 500 operários do Consórcio Fiol (Pavotec/Trial) trabalhavam intensamente em uma frente de trabalho de construção de um trecho de aproximadamente 10 Km até o comunicado da suspensão dos serviços.
As obras do trecho avançaram do distrito de Ceraíma até cerca de 20 Km da ponte em Bom Jesus da Lapa. Dos 163 Km do lote, já há pelo menos obras de terraplanagem em cerca de 100 Km.
Outro lote do trecho II da Fiol, o 5FA está concluído. Este lote corresponde à construção da ponte sobre o rio São Francisco entre os municípios de Bom Jesus da Lapa e Serra do Ramalho. Esta é a maior ponte ferroviária da América Latina, com quase 3 quilômetros de extensão.
Também houve evolução nos lote 6F (Bom Jesus da Lapa – Santa Maria da Vitória) e lote 7F (Santa Maria da Vitória – Barreiras). Os dois trechos estão com 13,7% e 34,9% de conclusão respectivamente.
Tiago Marques | Agência Sertão