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Casos de caxumba crescem 130% no Rio, nos primeiros oito meses do ano

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O número de casos de caxumba cresceu 130% no acumulado janeiro a agosto deste ano, no estado do Rio de Janeiro, em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 948 casos.

Nos primeiros oito meses de 2019, foram feitos 2.185 registros de caxumba, superando os registros de todo o ano de 2018 (1.973) e de 2017 (1.376). Não houve mortes provocadas pela doença de 2017 até agosto deste ano, revelou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro.

Ao falar hoje (13) à Agência Brasil, o médico Alexandre Chieppe, porta-voz da Secretaria, explicou que, “possivelmente, os fatores que estão por trás desse aumento de casos são os mesmos relacionados ao reaparecimento do sarampo”.

Segundo Chieppe, parte importante da população fluminense não tem o esquema vacinal completo contra sarampo, “até por conta da improdução da segunda dose da vacina tríplice, que aconteceu só em 2002”. Para Chieppe, essa suscetibilidade de parte da população explica o aumento do número de casos de caxumba, quando comparado a anos anteriores, e também é responsável pelo reaparecimento do sarampo, no estado.

A vacina que as pessoas devem tomar é a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A recomendação da SES é a mesma para o controle do sarampo: “A população que não tenha duas doses da vacina tríplice, tomadas após um ano de idade, deve comparecer a um posto de vacinação para fazer a atualização da caderneta vacinal”.

Faixa etária

Alexandre Chieppe lembrou que para sarampo e caxumba foi instituída a dose zero, que deve ser tomada por crianças de seis meses a um ano de idade. “Os dados epidemiológicos de sarampo estavam mostrando essa necessidade”. Já caxumba continua acometendo, principalmente,  jovens e adultos, na faixa de 20 a 49 anos de idade. Chieppe insistiu que qualquer pessoa, de um ano a 49 anos de idade, que não tenha duas doses tomadas após um ano de idade, com intervalos de, pelo menos, 30 dias entre essas duas doses, deve comparecer ao posto para fazer avaliação e ver se há necessidade de reforço.

O médico da SES estimou que o número de casos de caxumba ainda deve crescer até o final do ano. “A gente está chegando agora ao final do inverno, quando o risco de transmissão dessas doenças diminui. Mas não para. Então, possivelmente, a gente deve chegar no final do ano com um número infinitamente maior que o do ano passado”. A expectativa, entretanto, é que com as pessoas se sensibilizando sobre a necessidade de atualização da caderneta e de vacinação com a vacina tríplice contra essas duas doenças, principalmente, o cenário em 2020 será mais tranquilo.

Informou que o estado não teve casos graves de sarampo notificados “até porque a tendência é que os casos aconteçam de forma mais branda em pessoas que tenham pelo menos uma vacina já tomada, que é o caso da grande maioria da população”. Chieppe advertiu que “o importante é a gente cessar essa transmissão ou diminuir bastante ela. Isso a gente só vai conseguir com a vacinação desse público suscetível”, afirmou,

Surto

A SES esclareceu que não há surto da doença no estado e que a imunização está prevista no Calendário Nacional de Vacinação, com a tríplice viral, sendo uma dose aplicada aos 12 meses de idade e outra, aos 15. Já a Secretaria municipal de Saúde do Rio informou que as notificações de caxumba são feitas apenas em casos de surto, quando há dois ou mais casos em ambientes fechados. Foram registrados 36 surtos, que ainda estão em análise. Por isso, os dados estão sujeitos à revisão. Em 2018, foram 16 surtos notificados e, em 2017, 19 surtos.

Contágio

O infectologista Edimilson Migowski, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do Instituto Vital Brazil, lembrou que a caxumba é uma doença contagiosa que pode passar de uma pessoa para outra pela saliva. “Os seres humanos são os únicos que podem desenvolver essa doença”, destacou o especialista.

“É o tipo da doença que se fizer uma boa cobertura vacinal, é passível de ser erradicada, a exemplo da varíola, que foi erradicada a partir de uma boa cobertura vacinal. Caxumba é a mesma lógica”, concluiu Migowski.

Edição: Valéria Aguiar

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