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Empregabilidade de surdos: são necessárias mudanças dos dois lados

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A  contratação de pessoas com deficiência auditiva e surdez exige mudanças tanto de empregadores quanto de empregados. É comum haver problemas na comunicação, tanto por falha do funcionário com deficiência auditiva ou surdez como por colegas e pelas chefias. A empregabilidade foi um dos temas tratados nesta quinta-feira (26), Dia Nacional do Surdo, durante o Fórum de Políticas Públicas para Pessoas Surdas e com Deficiência Auditiva, realizado na sede do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Para a coordenadora do programa de empregabilidade da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic), instituição vinculada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Gisela Leite Nunes, para haver inclusão, é necessário uma mudança dos dois lados.

A legislação estabelece que toda empresa com 100 ou mais funcionários tenha de 2% a 5% de trabalhadores com deficiência.

Gisela citou como exemplo o caso de uma jovem admitida no setor jurídico de uma empresa, por meio da Derdic, que quase foi demitida por não entender quando suas chefes tentavam lhe informar que estavam descontentes com seus resultados. “A gestora disse: ‘Gisela, não quero mais’. Eu pedi mais 15 dias, porque estava apostando no potencial dela. Aí, a menina, no final, foi a única contratada e as gestoras deram o depoimento de como ela mudou e de como foi importante ter investido nela.”

A coordenadora da Derdic disse que também há casos em que os obstáculos na comunicação têm relação com a maneira como a pessoa surda ou com deficiência auditiva foi criada. Ela usou o exemplo de uma jovem que tinha dificuldades no relacionamento interpessoal, devido ao isolamento criado pela mãe.

Depois de um treinamento na Derdic, a jovem apresentou melhora.  “Ela [a mãe] nunca conversou com a menina, porque não sabia como, não sabia o que falar. E a gente foi trabalhando isso. Na sensibilização com os gestores, a gente orientou sobre a importância de eles tentarem se comunicar. Com os meninos, a gente disse: ‘Escreve no caderno, diz que você não entendeu. Mostra que você não entendeu’. A menina, hoje, é a melhor das lojas. Ela se maquia, conversa com o gestor, ela fala com todo mundo”.

A coordenadora disse que, para a construção de um ambiente organizacional de inclusão e equidade, deve haver um engajamento de todos os colegas, além da chefia e do setor de recursos humanos. Gisela disse que observou que muitas das pessoas surdas ou com audição reduzida não se sentem no direito de reclamar seus direitos e dizer que não estão confortáveis com determinadas situações. Por isso, sentimentos de inferioridade e de exclusão e falta de autoestima são comuns entre elas.

“Trabalhar o autoconhecimento e mostrar o potencial é fundamental. Não existe uma regra única. Então, deve haver respeito à diferença, ao modo como o outro pensa e pode agregar”, disse.

Edição: Fábio Massalli

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