No ano do Centenário de Guanambi, um livro pretende contar a história do Centro Estudantil (CEG) e da Residência Estudantil (REG) de Guanambi. A REG tem sua sede em Salvador, onde estudantes de Guanambi passam a residir por meio de uma seleção.
Em junho desse ano foi aberto um processo seletivo para preenchimento de vagas.
Intitulado de “História e Memória do Movimento Cultural e Político do (CEG) e da (REG) de Guanambi”, o livro de José Carlos Lélis (Latinha), está sendo produzido com apoio financeiro obtido pelo Edital de Apoio a Projetos Artístico Culturais, idealizado pela secretaria de Cultura de Guanambi.
Lançado em julho desse ano, o edital visa garantir a concessão de incentivos fiscais a projetos artísticos e culturais no município. Mais de 55 projetos foram inscritos e avaliados por uma comissão nomeada pela secretaria. No total, 22 projetos foram selecionados em quatro categorias.
O projeto do livro de Latinha venceu na categoria D, maior valor disponibilizado (R$ 10 mil), Com apenas dois projetos selecionados nessa categoria.
De acordo com o autor, o trabalho do CEG vem sendo resgatado a cerca de 25 anos, por ele, pelo radialista Zé Roberto e por outros que fizeram parte do movimento. Ele ressalta que esse trabalho conjunto proporcionou a estruturação da obra.
“Esse livro é de autoria minha e de Zé Roberto, mas tem um trabalho feito por diversas pessoas, como Paulo Tito, Pedro Roberto e outros. A partir de então, fomos juntando e resgatando os acontecimentos ao longo da história. Eu e Zé Roberto fizemos um grande resgate dos documentos, fotos e livros que nós tínhamos relacionados com essa época”, relembra Lélis.
Em maio desse ano o CEG comemorou 44 anos da sua criação e a REG 43 anos. As organizações foram criadas em 1975 e 1976 respectivamente.
Segundo o autor, o livro contará as lutas do CEG, no período de ditadura militar, na tentativa de organizar os estudantes de Guanambi em prol de melhorias na qualidade do ensino. A principal bandeira do movimento era a criação da Residência Estudantil de Guanambi (REG).
“Naquele momento os estudantes carentes não tinham acesso ao ensino superior em Guanambi. As pessoas ou estudavam em Belo Horizonte ou em salvador quando os pais tinham condições. Nós optamos em criar essa residência em 1976. A partir de então, foi um grande movimento revolucionário em Guanambi”, comemora Latinha.
Para Lélis, o livro é uma forma de resgatar as conquistas históricas e, a partir dessa perspectiva, mostrar para os jovens que existem outros métodos de vencer o sistema político, sem utilizar a violência.
“Nós fizemos um movimento cultural naquela época que chamávamos de encontros culturais, onde ao invés de deixarmos os jovens envolvidos com as drogas, com o alcoolismo, fazíamos muito trabalho cultural em Guanambi”, avalia.
Apesar de considerar um período onde as ações políticas eram restringidas pelo regime militar, Lélis acredita que a CEG obteve sucesso devido a união do grupo em prol de um objetivo. “Naquele período, em plena ditadura militar, quando conquistamos a REG era difícil ter aglutinação de jovens no Brasil. Em 1975, era uma fase muito negra da ditadura militar e nós reunimos 5 mil estudantes para lutar por essa residência”, recorda.
A previsão é que o livro esteja pronto antes do prazo máximo, estipulado pelo edital, para o evento de lançamento. “Pelo edital, nós temos que lança-lo até o dia 31 de dezembro. Acreditamos que podemos lança-lo em meados de dezembro. Não será possível lançar todo o acervo, mas pretendemos ter pelo menos umas 200 páginas desse acervo histórico”, acredita Lélis.
Segundo o autor, o livro já está em fase de conclusão e a previsão é que em 15 dias ele esteja disponível para a fase final de revisão geral e ortográfica.
Lélis revela que a obra terá mais de um lançamento – além do projeto oficial pela secretaria de cultura, a pretensão e lança-lo no Centro Universitário UniFG, na Uneb e em outros locais que os autores consideram importantes mais ainda não foram selecionados.
Além disso, Latinha expõe que será realizada uma amostra de fotografia desse período.
Veja as fotos do período no Blog do Latinha