Cinco propriedades familiares do Território Sertão Produtivo foram certificadas e agora podem usar um selo indicando que seus produtos são orgânicos. Os agricultores e agricultoras destas propriedades formaram um grupo, o “Orgânicos da Caatinga”, certificados pelo Rede de Agroecologia Povos da Mata. Eles são os primeiros produtores com conformidade orgânica certificada do território.
A certificação é o resultado de um trabalho iniciado há mais de três anos, desenvolvido no Instituto Federal Baiano – Campus Guanambi, sob a liderança da professora Felizarda Bebé, coordenadora do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (Neapo), com financiamento do CNPq e do Ministério da Agricultura.
Os certificados foram emitidos na última terça-feira (10), em Ilhéus e entregues aos produtores orgânicos em uma cerimônia realizada nesta quinta-feira (12), no auditório do IF Baiano.
O Neapo iniciou o trabalho em 2016, com a difusão dos conhecimentos sobre agroecologia por meio de oficinas em vários municípios do território. Foi através desta oficinas que o grupo “Orgânicos da Caatinga” foi formado. Felizarda explica que os primeiros agricultores que se dispuseram a buscar o selo foram despertados para tomar este caminho durante estas oficinas. “Após estas primeiras certificações, tenho certeza que iremos ampliar muito mais o interesse pela produção orgânica na região. Vamos iniciar mais dois grupos, um em Pindaí e outro em Caetité, nossa meta é criar um núcleo da Rede Povos da Mata aqui em Guanambi”, comentou.
Os agricultores orgânicos foram certificados por meio de uma metodologia participativa. Bimestralmente, algum representante do grupo deverá participar de reuniões no núcleo, em Serra Grande. Estas reuniões são oportunidades de troca de informações e experiências. Eles poderão usar o selo de produto orgânico pelo prazo de um ano, podendo tanto comercializar os produtos diretamente para os clientes, quanto fornecer para revenda em supermercados.
A Rede Povos da Mata funciona como Organização Participativa de Avaliação da Conformidade (OPAC), credenciada junto ao Ministério da Agricultura para emissão dos certificados. A entidade é administrada pela representação dos próprios agricultores pertencentes à rede e é aberta a adesão de novos membros.
Ricardo Maciel, representante da Rede Povos da Mata, participou do processo de certificação dos novos produtores. Ele explica como se da o processo participativo de certificação. “O primeiro passo é a formação do grupo de três a doze produtores ou órgãos institucionais. A certificação pode ser feita em até três tipos de modalidade: vegetal, animal ou agroindustrial. Após a formação do grupo, é necessária a apresentação a uma reunião em um dos quatro núcleos da Rede Povos da Mata. A partir daí, é iniciada a análise do perfil do grupo para o aceite. Após o prazo de seis meses para adequação ao regulamento da rede, é realizado a primeira avaliação de olhar externo. Estando o grupo com as exigências cumpridas, é emitida a certificação”, explicou
Maciel explica ainda que “o grupo Orgânicos da Caatinga preencheu todos os requisitos na primeira avaliação e por isso estão sendo agraciados com o certificado”.
Willian Rodrigues, produtor de orgânicos na zona rural de Caetité, atuou como líder do grupo e participou de forma mais efetiva de todo o processo de certificação. “Após as oficinas do Neapo, formamos o grupo e as coisas começaram a acontecer. Nesse tempo viajamos diversas vezes para o Sul do Estado e para outros municípios, onde participamos de reuniões e conhecemos novas experiências. É um marco para toda a região, espero que possamos inspirar novos produtores, estamos abertos e a disposição de todos que também queiram se tornar produtores de orgânicos.
Uma das agricultoras certificadas é Cida Diamantino, do Sítio Gameleira, em Candiba. Ela conta que sua vida mudou completamente depois que conheceu o trabalho desenvolvido no IF Baiano. “Não pensava que isso fosse acontecer, mas foi acontecendo, minha vida se transformou. Eu plantei para consumo próprio. Eu morava em Campinas (SP) e lá tinha orgânico e minha saúde pedia. Voltado pra cá, eu só andava no Hospital, por que não posso consumir folhas que tenham agrotóxicos. Então comecei a produzir pra mim, só que meus amigos começaram a me visitar, alguns deles tinham o mesmo problema que eu, mas consumiam o alface do sítio e não se sentiam mal. Nisso, me pediram para produzir para eles também. Aí apareceu a professora Felizarda que me deu grande incentivo, orientando no combate as pragas e nas técnicas de cultivo. Se não fosse pelo trabalho dela eu teria desistido”, comentou.
Atualmente, além da plantação orgânica, Cida tem um restaurante que vem sendo muito frequentado por pessoas que buscam alimentação saudável, em um local que oferece contato direto com a natureza. “Os clientes iam comprar o produto no sítio na hora do almoço e acabavam almoçando por lá. Ai foi crescendo e hoje todas as datas para o fim do ano já estão reservadas para confraternizações de empresas’, concluiu.
Além das oficinas ministradas para centenas de pessoas em vários municípios do território, o Neapo realizou um curso de formação de agricultores orgânicos, além de três edições do Seminário de Agroecologia e Produção Orgânica (Seapo) e várias feiras de base agroecológica.
O Neapo tem como meta a criação de novos grupos e de um novo núcleo da Rede Povos da Mata, sediado em Guanambi.
Conheça o grupo “Orgânicos da Caatinga”
Aparecida Diamantino
Sítio Gameleira – Candiba
Produtos Certificados: alface, couve, acelga, coentro, cebolinha, rúcula, espinafre, cenoura, beterraba, aipo, salsa, chicória, alho-poró, rabanete, nabo, mamão, limão, graviola, acerola, agrião, quiabo, abóbora, abobrinha, tomate cereja, maxixe, almeirão, pepino, bata doce branca e roxa, alecrim, mandioca, erva cidreira, menta, anador, coco verde, hortelã miúdo e grande, manga, pinha, laranja, mini pepino
(77) 99975-9835
Dárley Silva
Fazenda Lagoa do Pinheiro – Candiba
Produtos Certificados: alface, couve, cenoura, beterraba, pepino, coentro, cebolinha, rúcula, espinafre, maxixe, abobrinha, abóbora, quiabo, tomate cereja, feijão gandu, mamão, pimenta, salsa, aipo, alho poró, bata doce roxa, feijão catador, jiló, cabacinha, pimentão, melancia.
(77) 98132-1390
Eva, Raimundo e Renir
Fazenda Salvador – Candiba
Produtos Certificados: alface, mandioca, maracujá, berinjela, rúcula, salsa, alho poró, jiló, cenoura, beterraba, coentro, espinafre, guandu, pimentão, quiabo, cebolinha, batata doce, mamão, banana e laranja.
(77) 98152-1695
Paula e Gutemberg Krettli –
Sítio Bem Ti Vi – Caetité
Produtos Certificados: mandioca, ora-pro-nobis, batata doce, tomate cereja, moringa, palma, cravo, açafrão, physalis, pytaia, maracujá nativo, romã, jabuticaba, laranja lima, graviola, manga palmer, coco, banana, abacate, limão, caju, graviola, amora, carambola, jaca, milho, feijão catador, girassol, sorgo, café, feijão guandu, feijão rosinha, feijão cafezinho e urucum.
(77) 99971-0584
William Rodrigues
Fazenda Lamarão 2 – Caetité
Produtos Certificados: alface crespa, alface mimosa, alface americana, alface roxa, alface brunela, coentro, cebolinha, tomate cereja, tomate salada, couve, cenoura, beterraba, salsa, pepino, abobrinha, abóbora, moranga, alho poró, hortelã, almeirão, mastruz, tanchagem, berinjela, maxixe, jiló, pimentão, feijão carioca, feijão preto, acelga, mostarda, quiabo, batata doce, mandioca, almeirão, banana, mamão, tangerina, limão, manga, pocã, pinha, lima branca, laranja lima, graviola, acerola, umbu, jabuticaba, amora, ora-pro-nobis, feijão gandu, feijão catador, cabacinha, melão, melancia, cebola branca e roxha, alho, cana, jaca, couve-flor, brócolis, espinafre e milho.
Fone (77) 99999 – 0509