Ibama renova licença de operação de minas e concentração de urânio da INB em Caetité

Urânio de Caetité, depois de enriquecido, vira um pó chamado 'yellow cake', - Acervo / INB

A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) tornou público que recebeu da do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a prorrogação da Licença de Operação até 13 de janeiro de 2026, para a Mina Cachoeira (Anomalia 13) e lavra a céu aberto da Mina do Engenho (Anomalia 09), ambas no município de Caetité.

A licença permite ainda o beneficiamento do minério de urânio até a obtenção de diuranato de amônio [(NH4)2U2O7], conhecido como DUA ou yellow cake, produto ainda não enriquecido no isótopo 235U, na Unidade de Concentrado de Urânio, também localizada em Caetité.

O aviso de renovação de concessão foi publicado na edição desta terça-feira (21), do Diário Oficial da União.

Em dezembro de 2018, a Unidade de Concentrado de Urânio de Caetité realizou a última etapa de testes funcionais para operação assistida das áreas de Britagem e de Montagem de Pilhas.

Em abril deste ano, a CNEN renovou a licença. Por meio de nota, a Cnen informou que, para que a unidade possa entrar em operação, está passando por uma fase de testes, para verificar “o atendimento a requisitos de segurança das estruturas, sistemas e componentes, cuja falha ou mau funcionamento possa resultar em exposições indevidas à radiação para o pessoal da instalação ou membros da população em geral”.

Ao Ibama, a INB apresentou um pedido de licença de operação em dezembro de 2017, sendo atendido agora no início de 2020.

Entre 2000 e 2015, a INB explorou a mina Cachoeira e, de lá, retirou 3.750 toneladas de concentrado de urânio. Agora, a estatal deve começar a explorar uma nova jazida no local, a mina do Engenho.

Em Caetité, a INB realiza, além da mineração, o beneficiamento do minério, que resulta no produto concentrado de urânio ou yellowcake.

Atualmente, Caetité é o único lugar do País onde existe mineração de urânio.

O Brasil é um dos 12 países que detém tecnologia para enriquecer urânio, mas ainda importa grande parte de seu consumo. Após a etapa de ampliação inaugurada nesta quinta, a fábrica de Resende tem capacidade para enriquecer volume equivalente a 50% da recarga anual de Angra 1, a menor usina nuclear do país.

A primeira fase do programa de enriquecimento de urânio, que prevê a instalação de dez cascatas —sete delas já em operação —a capacidade chegará a 70% de Angra 1. A INB precisa, porém, de mais R$ 500 milhões para concluir o projeto, o que espera fazer até 2021.

Uma segunda fase, com a instalação de 33 cascatas, está orçada em R$ 2 bilhões, e garantiria o abastecimento todo o complexo nuclear de Angra sem depender de importações.

A operação da empresa no município é alvo constante de críticas devido aos riscos de contaminação envolvidos na extração de materiais radioativos. Estudos apontam maior incidência de alguns tipos de câncer em pessoas moradoras e regiões próximas à mina.

Constantemente, equipes de reportagem produzem matérias apontando os perigos as consequências da mineração de urânio na região.

Em outubro passado, a BBC fez uma reportagem revelando o histórico de acidentes na operação da empresa em Caetité. Em dezembro, uma reportagem foi exibida em Rede Nacional pela TV Record, mostrando a possível relação da incidência da doença com a exploração do mineral no município.

Exploração de urânio pode estar causando aumento de casos de câncer em cidade da Bahia

A INB nega que suas atividades estejam relacionadas a qualquer tipo de contaminação, além de contestar a relação da sua operação com a incidência de câncer.

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