O mês de fevereiro deve começar chuvoso em todo o Brasil. As previsões dos modelos meteorológicos e dos institutos de meteorologia apontam para a formação de novas áreas de instabilidades em todas as regiões do país.
Minas Gerais e toda faixa sul da Bahia pode voltar depois dos acumulados históricos registrados durante boa parte do mês de janeiro.
Em Guanambi e cidades vizinhas, os acumulados podem superar 100 mm, até o dia 7 de fevereiro, segundo o modelo Sistema de Previsão Global da Nasa (Global Forecast System – GFS).
Já o modelo Europeu (ECMWF) é mais modesto na previsão de chuvas em todo o país. Para a região de Guanambi são previstos acumulados variando entre 30 e 60 mm no mesmo período.
O atraso no início do período chuvoso deve ser compensado por muitos dias chuvosos na região até o mês de março. Segundo as previsões de longo prazo, a chuva deve se estender até meados do mês de abril na região.
A previsão de momento e as condições climáticas registradas desde o início da primavera batem com a previsão elaborada pelo meteorologista Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, durante palestra proferida em agosto do ano passado na Câmara de Vereadores de Guanambi.
No dia em que recebeu o título de cidadão honorário de Guanambi, Etchichury apresentou um prognóstico que apontava para atraso no início do período chuvoso e muita chuva nos primeiros meses de 2020.
Em Guanambi o acumulado de janeiro até esta terça-feira (28) foi de 338 mm registrados pelo pluviômetro da Agência Sertão, localizado no Centro da cidade. Na última quarta-feira (22), a chuva intensa fez com que o riacho do Belém transbordasse, inundando ruas dos bairros por ele cortados.
Todo esse volume veio após três anos com meses de janeiro praticamente secos. O último janeiro chuvoso ocorreu em 2016, quando a barragem do Poço do Magro sangrou pela primeira vez e a barragem de Ceraíma esteve perto de sua capacidade máxima. Atualmente, Ceraíma está com 82% de seu volume útil e Poço do Magro com 26,5%.
No entanto, os meses de outubro, novembro e dezembro foram bastante secos. O acumulado na cidade foi de pouco mais de 100 mm no período.
Rio São Francisco
Ainda é incerta a proporção da cheia que o rio São Francisco deve atingir nos próximos dias após cruzar a divisa de Minas Gerais com a Bahia nos municípios de Malhada e Carinhanha. No entanto, o rio subiu mais mais de dois metros nas últimas 48 horas.
Até segunda-feira (27), o nível estava pouco abaixo dos 3 metros, às 12h desta terça-feira chegou a 4,12 metros, e no mesmo horário desta quarta-feira (29), o volume de água subiu e o nível chegou a 5,04 metros.
As expectativa é de que a vazão e o nível continuem subindo com a chegada das águas das chuvas que as fortes chuvas que caíram sobre Belo Horizonte e Região Metropolitana e também no Noroeste e Norte do Estado.
Segundo José Castor, Secretário de Agricultura de Malhada e membro da comissão de Defesa Civil, moradores ribeirinhos estão sendo alertados sobre o risco de enchentes nos próximos dias. Ele disse ainda que a água acumulada com as chuvas em Belo Horizonte demora cerca de 14 dias para percorrer todo o percurso da bacia até a divisa de Minas com a Bahia.
O Velho Chico está com sua maior vazão no Norte de Minas desde janeiro de 2012, ano da última cheia registrada. No município que recebe o mesmo nome do rio, localizado a cerca de 270 quilômetros da divisa com a Bahia, a vazão estava em 1.030 m³/s no início da Zona de Convergência do Atlântico Sul, no dia 21.
Nesta terça-feira (28), a vazão chegou a 6.010 m³/s. Já o nível chegou a exatos dos 8, metros. Após algumas oscilações, a vazão chegou a 5.850 m³/s e ao nível em 7,91 metros no fim da manhã desda quarta-feira.
Quase a metade desta vazão vem do rio das Velhas, principal afluente da região central de Minas. Em Várzea da Palma, antes da foz, a vazão começou a quarta-feira em 2.620 m³/s, volume quase 10 vezes maior do que o registrado no início da semana anterior. Só nesta terça-feira o nível subiu 36 centímetros, chegando a 9,22 metros.
Em Belo Horizonte voltou a chover forte nesta terça-feira, sendo registrado volume de mais de 150 mm em apenas três horas de chuva durante a noite. O acumulado do mês de janeiro na cidade chegou a 960 mm, segundo dados do Inmet.
Os dados de vazão e nível são da Agência Nacional de Águas (ANA), por meio da Rede Hidrológica Nacional.
A cheia só não é maior em decorrência da baixa defluência da Usina Hidroelétrica de Três Marias. Segundo dados da Cemig, a vazão defluente está em 293 m³/s. No entanto, a afluência está a mais de 3.200 m³/s e o reservatório está com 67,80% de sua capacidade.