As fortes chuvas que caíram em Minas Gerais nas últimas semanas elevaram bastante o nível dos rios Doce e Paraopeba e reviraram os rejeitos de minério que vazaram das barragens rompidas de Mariana, em 2015 e de Brumadinho, em 2019.
A situação mais grave ocorre no rio Doce, onde estão depositados cerca de 10 milhões de metros cúbicos dos rejeitos da barragem de Fundão. A maior parte deste material ficou depositada na barragem de Candonga, reservatório da Usina Hidroelétrica Risoleta Neves, nos municípios de Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce.
Chuva leva para Rio Doce rejeito de minério da Samarco depositado na Barragem de Candonga#ChuvasemMG #RioDoce #Minério #mariana #meioambiente #ambiente #barragens #Minas pic.twitter.com/O80wtauePS
— Estado de Minas (@em_com) January 28, 2020
O rio Doce subiu muito em Governador Valadares e a água invadiu diversos bairros, afetando mais de 50 mil pessoas e deixando cerca de 15 mil desalojadas. Segundo reportagem do Jornal Estado de Minas, depois que a água começou a baixar, todo o resíduo revirado do leito do rio ficou depositado nos terrenos e ruas atingidos pela cheio.
André Merlo, prefeito da cidade, disse que a prefeitura irá processar a Samarco, empresa responsável pela barragem. “O crime continua. Essa lama, que nunca foi tanta e dessa consistência, é o que permanece no rio depois de anos. Vamos portanto, pleitear sim, na justiça, reparação para a cidade, e principalmente para o povo que sofre as consequências”, disse
Ainda segundo o jornal, a suspeita de vários órgãos é de que o rejeito tenha vindo da barragem de Candonga, de onde deveria ter sido dragado desde 2018. Desde o rompimento da barragem de Fundão, está foi a primeira vez que o rio Doce transbordou devido às chuvas.
Por causa dos rejeitos, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) determinou que a Fundação Renova, responsável pela recuperação do Rio Doce, forneça informações, com urgência, sobre a situação e também sobre o plano emergencial para período chuvoso.
No rio Paraopeba, afluente do São Francisco, membros do MP-MG visitaram às estruturas de contenção de rejeitos instaladas no rio Paraopeba. Segundo o órgão, as medidas adotadas pela Vale, responsável pela barragem rompida em Brumadinho, têm se mostrado importantes para a contenção dos rejeitos, embora ainda haja uma parcela carregada rio abaixo.
Considerando as preocupações apresentadas pelas comunidades em razão das fortes chuvas, o MP-MG solicitou informações sobre protocolos a serem adotados para a proteção da saúde humana e dos animais às instituições competentes.
O órgão orientou as comunidades a evitar o contato com as águas do Rio Paraopeba e com materiais trazidos pela enchente. Também foi recomendado que se faça registros fotográficos caso seja notada alterações na água.
Na última quarta-feira (29), a Retiro Baixo Energética S.A, empresa responsável pelo reservatório onde está concentrado boa parte do material que vazou de Brumadinho, emitiu comunicado avisando sobre a necessidade da abertura das comportas devido à cheia do lago.
O rio Paraopeba tem sua foz no rio São Francisco, na altura do reservatório da barragem da usina hidroelétrica de Três Marias.