O prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, causou polêmica ao confirmar para a próxima semana a flexibilização do comércio do município do sul da Bahia. Em vídeo que circula nas redes sociais, o gestor afirma que autorizará que estabelecimentos comercias abram as portas a partir da próxima quinta-feira (9), “morra quem morrer”.
“Primeiro, lutar pela vida, a vida é uma só. [Depois que] morrer, acabou [a vida]. Não tem fortuna, não tem pobreza, não tem falência, não tem nada. Mas não posso abrir uma coisa que não tenho cobertura. Com a dúvida, com os nossos morrendo por causa de um leito em Itabuna, vou transferir essa abertura. No dia 8, mandei fazer o decreto, que no dia 9 abre, morra quem morrer”, disse o prefeito.
A prefeitura de Itabuna informou por meio de nota que o prefeito foi “mal interpretado” e que está “contrariado com a situação, porque entende a necessidade da reabertura do comércio”. O prefeito ponderou que , segundo ele, “40 lojas não voltarão a abrir em Itabuna, e vários pais de família estão desempregados”. (Veja nota completa ao final da reportagem)
Em coletiva, durante cerimônia pela Independência do Brasil na Bahia, nesta quinta-feira (2), o governador Rui Costa comentou a fala do prefeito de Itabuna.
“Falei com o prefeito de Itabuna essa semana. Ele estava predisposto a abrir o comércio. Pedi que não abrisse. Itabuna estava muito alto um mês atrás. Tomamos medidas drásticas, o índice caiu para 2%, mas voltou a crescer. O alimento do vírus é a convivência social. Você fecha, o vírus despenca, você abre, o vírus acelera. É matemática. Pedi que não abrisse essa semana, e ele não abriu. Mas ele tem se sentido pressionado, tem uma voz nacional que diz para abrir, que ganha apoio de comerciantes, com medo de quebrar. Sob pressão, as pessoas saem do ponto, perdem o equilíbrio. Falei come ele ontem, está no quinto mandato, tem quase 80 anos, me disse que nunca viveu uma situação como essa, que nunca se sentiu tão pressionado”, falou Rui Costa.
A cidade é a maior do sul baiano, com uma população de cerca de 200 mil pessoas, e está localizada a cerca de 450 quilômetros de Salvador.
Na última semana, a previsão da prefeitura de Itabuna era colocar em prática a flexibilização das atividades comerciais já a partir de 1º de julho. Porém, a reabertura foi adiada, já que o município registra 100% de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com a Covid-19.
Existe a expectativa de abertura de dez novos leitos de UTI no Hospital de Base de Itabuna nos próximos dias.
A prefeitura de Itabuna também chegou a anunciar a flexibilização das atividades comerciais no início de junho, mas desistiu após uma recomendação do Ministério Público estadual (MP-BA). Os estabelecimentos não comerciais do município estão fechados desde março, quando os primeiros casos de coronavírus foram registrados.
Segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do estado (Sesab), Itabuna possui 2.637 casos confirmados de coronavírus, com 58 mortes em decorrência da doença.
(assista a reportagem do Jornal da Manhã)
Veja a íntegra da nota da prefeitura de Itabuna:
“A Prefeitura de Itabuna informa que, durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, 30 de junho, o prefeito Fernando Gomes teve uma fala mal interpretada. De acordo com a fala do prefeito ele estava contrariado com a situação, porque entende a necessidade da reabertura do comércio, visto que aproximadamente 40 lojas não voltarão a abrir em Itabuna, e vários pais de família estão desempregados. Mas voltou atrás na decisão da reabertura pois recebeu um relatório da Procuradoria Jurídica do Município informando sobre a ocupação de 100 % dos leitos de UTI. De acordo com o prefeito, ‘Seria irresponsabilidade reabrir o comércio com 100% de ocupação dos leitos da UTI’. E ainda ressaltou que ninguém ficará sem atendimento no município. ‘Se houver necessidade, vamos fazer transferências para outra cidade com leitos disponíveis’. Nos próximos dias 10 novos leitos de UTI serão instalados no Hospital de Base. E no dia 9 de julho o comércio provavelmente será reaberto.”