A morte do norte-americano George Floyd, em 25 de maio de 2020, parou o mundo. Asfixiado por um policial branco, o homem negro de 46 anos teve sua morte registrada e viralizada. O caso gerou uma comoção internacional, ocasionando uma onda de manifestações antirracistas.
No Brasil, no mesmo mês, João Pedro, um adolescente negro de 14 anos, foi morto dentro de casa durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Essas ocorrências revelam a estrutura racista de sociedades que se constituíram sob modelos coloniais escravagistas.
O movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, tradução), foi criado em 2013 por três mulheres ativistas negras para protestar contra a absolvição do policial acusado de assassinar o jovem Trayvon Martin, de 17 anos. O BLM transformou-se numa organização política de luta pela igualdade racial nos Estados Unidos. A frase, que dá nome ao movimento, faz alusão ao racismo estrutural presente no sistema político, social e econômico.
No Brasil, segundo Maura Cristina da Articulação do Centro Antigo, “é a naturalização da situação de discriminação que forma o racismo estrutural”. Com relação à violação de direitos, a militante do movimento de mulheres negras ressalta que é possível identificar em nossa sociedade, estruturada com base na desigualdade, que a moradia, embora seja um direito previsto na Constituição, é um demarcador social: “podemos ver nitidamente e comparar a estrutura de quem mora nas regiões precárias da cidade de quem mora nos bairros nobres”.
Os jovens negros que moram em periferia são as maiores vítimas da violência no país. Segundo os dados divulgados, no mês de agosto deste ano, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, entre 2008 e 2018, a taxa de homicídio entre os não negros caiu 12% e de negros teve um aumento de 11,5%. Para Janja Araújo, professora da UFBA, é preciso reagir a esses indicadores presentes “dizer que vidas negras importa é também reagirmos as formas utilizadas para alimentar os indicadores sociais de desigualdades sobretudo aqueles que implicam em diferentes formas de nascer, viver e principalmente de morrer”.
Polêmicas Contemporâneas em casa, uma disciplina-evento oferecida pelo Departamento de Educação II da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), discutirá na próxima segunda-feira (28) “Vidas negras importam”, e contará com a participação de Felipe Estrela, professor da Faculdade de Direito da UFBA, Janja Araújo, capoeirista e professora da UFBA, Nilo Rosa, professor da UEFS, e Maura Cristina, da Articulação do Centro Antigo. A transmissão é aberta e livre podendo ser acompanhada no Canal Polêmicas Contemporâneas em polemicas.faced.ufba.br, a partir das 19h.
Por Yasmin Santos, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.
#VidasNegrasImportam e o ativismo antirracista
*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas em casa”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.