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Polêmicas contemporâneas em casa: mulheres na pandemia

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No Brasil, cinco a cada dez mulheres passaram a cuidar de alguém no período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. No âmbito rural, a porcentagem é ainda maior, alcançando 62% das entrevistadas pela pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada pela organização Gênero e Número e pela SOF Sempreviva Organização Feminista.

O relatório mostra ainda que mais de 70% das mulheres apontaram para um aumento na necessidade de monitoramento e companhia daqueles que precisam dos cuidados. Para Maíra Kubík, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre a Mulher (NEIM-UFBA), um dos impactos mais relevantes na vida das mulheres durante a pandemia tem sido no ato de cuidar. “As mulheres são mais responsáveis pelo cuidado com os filhos, com idosos e também com pessoas com algum tipo de doença ou comorbidade”, afirma.

Segundo Maíra, esses grupos, por serem os mais atingidos pela crise, seja por maior suscetibilidade  a complicações ou pelo fato terem sua liberdade restrita, se tornam ainda mais passíveis de supervisão. “As crianças, durante a pandemia, estão dentro de casa com as aulas suspensas  ou fazendo aulas online, então as mulheres tiveram de lidar com isso e  conciliar com o trabalho doméstico, que já é responsabilidade de mulheres”, acrescenta.

No mundo do trabalho não é diferente, são as mulheres as mais atingidas nesse setor. Em pesquisa divulgada na última quinta-feira (04/03), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas mostra que mães com filhos na faixa etária de até três anos tem dificuldade de inserção no mercado de trabalho, entre pretas e pardas, somente 49,7% trabalhavam em 2019. Em relação ao período pandêmico a pesquisadora afirma que “foram as mulheres que perderam renda, seus empregos, em sua maior parte, então a gente vê que a pandemia impactou diretamente a subsistência das mulheres”.

Outro fator preocupante em relação ao impacto da pandemia no cotidiano das mulheres é a violência doméstica. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre os meses de março e maio de 2020, houve um crescimento de 2,2% no número de feminicídios em 12 estados da federação.

Para a Defensora Pública Estadual, Lívia Almeida, a dificuldade de acesso a rede de enfrentamento à violência tem sido um grande desafio para as mulheres em busca de apoio. “As instituições começaram a funcionar de forma remota e a gente vive num país em que o acesso à internet não é universal, então esse é um grande desafio, e os números mostram que a pandemia teve um resultado devastador na vida das mulheres”, avalia.

Lívia afirma ainda que não é possível definir a maior dificuldade para as mulheres nesse período de crise, devido as distintas realidades em que se encontram. “A dificuldade, às vezes, é inerente a própria mulher, algo que não é difícil pra uma mulher pra outra é difícil e isso aí se agrava muito a depender de qual mulher a gente tá falando”, acrescenta.

No dia internacional das mulheres, próxima segunda-feira (08/03), às 19 horas, Polêmicas Contemporâneas realizará o debate “Mulheres na pandemia”, com participação da jornalista Rita Batista e da Promotora de Justiça Márcia Teixeira, além de Lívia Almeida e Maíra Kubík.

Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular  do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahiae coordenada pelo professor Nelson Pretto.

A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.

Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.

*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas em casa”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.

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