Polêmicas Contemporâneas: racismo estrutural

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Reprodução

Apesar de ser maioria no Brasil, representando 56% da população segundo o IBGE, o povo negro é o mais acometido pelo racismo. Em novembro de 2020, oito a cada dez brasileiros disseram haver racismo no país, o número foi obtido em pesquisa realizada pelo Poder Data. Este mesmo ano da consulta, foi marcado por manifestações contra o racismo por todo o mundo, após o assassinato por asfixia de um homem negro por policiais brancos nos Estados Unidos.

De acordo com Samuel Vida, professor da Faculdade de Direito da Ufba, a mobilização da comunidade negra em reação aos vários episódios de racismo amplificou o debate sobre a temática na sociedade e junto as instituições, pois explicitou a profundidade do preconceito. “Supera-se a falsa ideia de que o racismo é um fenômeno de adoecimento, é uma espécie de patologia individual ou mesmo um mero fruto da ignorância, da má vontade de indivíduos”, acrescenta.

O professor ressalta ainda a importância do processo de reconhecimento desse fenômeno enquanto problemática social, bem como a evolução de medidas buscando a inclusão dos marginalizados. “Tem ocorrido uma série de acenos simbólicos, dentre eles, a própria admissão de que existe racismo no Brasil e uma espécie de concessão de inclusão controlada de pessoas negras em alguns espaços de poder’, afirma.

A taxa de analfabetos no país representa a influência da discriminação no desenvolvimento intelectual dos indivíduos, segundo o IBGE 9,1% dos negros acima de 15 anos não conseguem ler ou escrever um texto simples. Na população declarada branca e com mesma faixa etária esse número é de 3,9%.

Segundo Edilza Sotero, professora da Faculdade de Educação, o racismo estrutural interfere de forma decisiva nas chances de acessos de pessoas negras as diversas áreas da sociedade. “Às vagas no mercado de trabalho, no acesso a saúde, no campo afetivo, no campo educacional por exemplo nota-se que negros têm oportunidades educacionais mais limitadas que brancos da mesma origem social”, complementa.

“O conceito de racismo estrutural não é recente, mas ganhou popularidade nos últimos anos, tanto na produção acadêmica quanto no debate público em geral”, é o que afirma a professora de sociologia da Ufba, Paula Barreto.

Na próxima segunda (04/05), às 19 horas, Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) realiza o debate “Racismo estrutural”. Além de Samuel Vida, Edilza Sotero e Paula Barreto, estará presente a advogada Dandara Pinho.

Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular  do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia e coordenada pelo professor Nelson Pretto.  A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.

Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.

*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas em casa”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.

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