Com o fechamento da Ford na Bahia, o estado registrou a maior queda industrial desde maio do ano passado. Na comparação com os dois primeiros meses de 2020, o acumulado do mesmo período, neste ano, despencou 18%, os dados foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). “A Ford está sofrendo e tendo que correr para se modernizar, preferiu sair e concentrar investimento nos mercados mais atrativos: China e Estados Unidos”, argumenta Abel Ribeiro, professor da Escola Politécnica da UFBA.
Com o fim da produção da montadora norte-americana na Bahia, o Sindicato dos Metalúrgicos calcula que 72 mil famílias serão afetadas pelas demissões. Após sucessivos protestos dos funcionários, um acordo legal foi firmado para assegurar que as exonerações não ocorram até o próximo mês (maio).
Para Ataíde Lima, diretor de administração e finanças da BAHIAINVESTE, é preciso reconhecer a importância que a Ford representou enquanto desenvolvedora de um projeto e de uma produção relevante no estado da Bahia, mas afirma que esse movimento é um processo natural no setor industrial. “São relações cíclicas, há quem fale nos chamados ciclos longos e nos ciclos curtos. Então, a indústria passa por esses ciclos de tempos em tempos”, argumenta.
“O que eu fico imaginando é que não podemos desperdiçar o ativo que nós temos em Camaçari, não só a unidade, a fábrica, mas também um aproveitamento do porto da Ford, alerta Adary Oliveira da Associação Comercial da Bahia, que apoia a utilização do Porto que volta a pertencer ao estado, com a revogação do contrato com a montadora.
O conselheiro da BAHIAINVESTE argumenta que deve se refletir sobre o impacto da saída de uma unidade consolidada e bem desenvolvida, mas que essa é também uma oportunidade para idealizar projetos futuros. “Fica uma planta, uma área, e é nesse ponto que devemos compreender quais atividades novas podem se desenvolver a partir daí, e, então, enxergar o fechamento como abertura de um novo potencial”, acrescenta.
Na próxima segunda, 03, às 19 horas, ocorrerá o debate “Fechamento da Ford: Crise e desindustrialização no Brasil”, do projeto Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além dos citados, participarão o professor da Faculdade de Economia da UFBA, Uallace Moreira e do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Allan Hayama.
Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia e coordenada pelo professor Nelson Pretto.
A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.
Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.
*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.