Xangai assume Secretaria de Vitória da Conquista com discurso de harmonia

Xangai aceitou o convite da prefeita Sheila Lemos para a Secretaria de Cultura do Município. Na foto, também, o secretário Lucas Dias | Reprodução | PMVC

O cantor, compositor e Poeta Eugênio Avelino Lopes Souza, o Xangai, foi nomeado na última segunda-feira (26) para o cargo de secretário municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Vitória da Conquista. O decreto com a nomeação foi publicado no Diário Oficial do Município.

Ao ser empossado pela prefeitura Sheila Lemos (DEM), o artista arfimou que sua meta é harmonizar o setor, evitar a política e valorizar as manifestações culturais de Vitória da Conquista, levando-a o mais longe possível: o planeta.

Este será o primeiro cargo público assumido por Xangai aos 73 anos. Ele assume a pasta prometendo buscar recursos para estimular a produção da verdadeira cultura conquistense, ao tempo em que quer ofertar para a cidade o melhor da cultura nacional. Para isso, a prefeita Sheila Lemos lhe deu toda autonomia, diz.

Xangai assume a vaga que era ocupada por Adriano Gama, que causou polêmica e desgaste com o setor cultural do município . Em maio, Gama chegou a afirmar que os artistas tinham que se reinventar e passar o chapéu na rua, sugerindo que os profissionais da arte se apresentassem nas ruas da cidade para conseguir algum dinheiro. A declaração ocorreu durante apresentação do projeto que buscava reverter o dinheiro do fundo municipal de cultura em auxilio emergencial para artistas da cidade, na sessão virtual da Câmara de Vereadores.

“Eu dou um conselho a vocês, arregacem as mangas e trabalhe, reinvente, lute. Quer dizer, é orgulho passar o chapéu no metrô de Londres, passar no metrô dos Estados Unidos, você tocar, se apresentar, por que não em Conquista? Por que não na feira do Patagônia? Vamos sobreviver, você tem garra, você tem talento, você tem raça”. Confira.

Sobre a nomeação, Xangai diz que é uma honraria e que sua primeira missão é evitar que a política e os conflitos atrapalhem o seu trabalho. “Recebo como uma honra, uma missão, um desafio. Uma das primeiras atitudes, uma atitude que será constante, será tentar harmonizar e não deixar passar ranço de política, de politicagem”.

O cantor e compositor disse que falou isso à prefeita antes de aceitar o convite para ser secretário. “Eu expus isso à prefeita que eu não sou filiado a partido político nenhum, nunca fui. Eu tenho minhas opções e quando vou votar eu voto em que eu acho que devo votar, mas tem pessoas que têm suas preferências, seus lados políticos, e eu, como sempre, na minha trajetória, transitei independentemente de que partido as pessoas sejam”.

Xangai assegura que não é de nenhum extremo, mas convive com todo mundo. “Às vezes eu estou junto de pessoas de extrema-direita, que falam o que querem, e eu, enquanto um democrata, na postura de cavalheiro que busco ser, que faço tudo para ser, eu respeito, porque essa é a postura de um democrata: respeitar a fala, a opinião, o parecer de cada um, é o meu dever. Em outras ocasiões, eu estou junto de pessoas de extrema-esquerda, consideradas assim, e que falam, também, o que quiserem e eu continuo respeitando”, explicou o cantador.

Para o novo secretário de Cultura de Vitória da Conquista, essa relação é a mesma com o público, quando ele faz sua apresentação. “Rapaz, quando eu chego para me apresentar em uma praça – ou no teatro, onde as pessoas pagam ingresso -, exercendo a minha função de cantador, de músico, uns dizem até que de poeta, ali tem gente que pensa cada um de uma forma, mas eu estou cantando para o povo, para meu povo, respeitando a todos no seu pensar”, conta.

Xangai diz que a forma dele de fazer política é a política da poesia. “Eu sou um esteta, que, como você sabe, os estetas são apreciadores do belo. Então, é por essa beleza que eu quero levar uma poesia que sirva para clarear as ideias, como eu gosto de dizer, para auxiliar a evolução do meu semelhante. Uma música boa, que seja de Dorival Caimmy ou de Gilberto Gil ou de Elomar, de Cartola, de Renato Teixeira serve para ajudar nessa evolução. E quando digo ‘auxiliar a evolução do meu semelhante’ falo também da minha própria. Tem tanta coisa bonita que, no meu caminhar, eu venho aprendendo”.

É com esse sentimento que Eugênio Avelino quer promover o que ele chama de encontro entre as classes da artes, da cultura. “E quando eu falo cultura, é tudo o que abrange a vida do ser humano, a gastronomia, por exemplo. Não é só músico, compositor, ator, escritor, é muita gente que a cultura representa. Eu quero exercer essa função com muita humildade. Espero ter sabedoria para harmonizar entre todos, quem pensa de um jeito ou de outro”, diz o artista e assegura que vai buscar recursos para que seu desejo se realize e a classe, tão prejudicada pela pandemia, tenha melhor condição de sobrevivência.

“Na medida do possível eu vou buscar algum tipo de recurso para auxiliar essa classe artística – de todo lado! Para a costureira, o cantador, a cantadeira, porque essa pandemia tolheu, impediu alguns até de terem uma sobrevivência básica. Vamos ver que recurso a gente pode alavancar para atender minimamente possível a nossa classe, o ser humano. Existe possibilidade, os dinheiros existem, é preciso que a gente abra as portas e exista uma distribuição de condições de vida e de realizações”, afirma o cantador, para quem, a esperança é a vacina. “Espero que, com a vacinação, daqui a pouco as portas da casas se abram para as pessoas trabalharem e possam exercer suas funções de músicos, de poetas, de artista, enfim, de tudo o que envolve a cultura e as nossas tradições populares”.

Xangai diz que Vitória da Conquista é um referencial na cultura baiana, brasileira e mundial e lembra que a cidade tem, “simplesmente, o cineasta mais famoso do Brasil, que é um parente meu, primo da mãe, Glauber Rocha, e Elomar, que é, simplesmente, o maior compositor deste planeta, a obra mais valiosa deste planeta quem faz é Elomar. E não são apenas Glauber e Elomar, aqui tem escritores extraordinários, atores, compositores, músicos e é preciso que haja uma união de todos”.

O secretário de Cultura diz, ainda, que Vitória Conquista tem uma pujança cultural na zona rural para ser aproveitada. “São nossas tradições populares e  isso pode ser mostrado e valorizado. Eu vou me empenhar para buscar recursos, junto com a prefeita, que me deu essa autonomia e a força que ela tem. Estou em busca de reconhecer as nossas tradições populares e fazer com que isso seja mostrado, nem só para nós, para nós e para fora, aonde for. Chegar lá e dizer: Eu sou de Conquista e vim te conquistar!”.

Com informações da Secom PMVC

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