A pandemia da covid-19 está menos agressiva na Bahia. No estado, houve redução de quase 40% no número de óbitos e casos confirmados, no mês de julho, em comparação a junho de 2021. A queda no número de óbitos foi de 39,3% e de 37,3% no número de casos confirmados, segundo levantamento do site o Correio a partir de dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
O número de casos ativos também reduziu – eram 15.234 no primeiro dia do mês junino contra 6.075 no dia 31 de julho. Ou seja, uma baixa de 60,1%. Os casos graves da doença, que precisam de internamento, reduziram a quase metade. No mesmo período, a Bahia saiu de uma ocupação de 1.365 pessoas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para 753. A taxa de ocupação de UTI caiu de 84% para 53%. Nesta terça-feira (02), ela ficou em 52%.
Por conta disso, leitos de UTI foram desativados, já que não estão em uso, explica o secretário da saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. Em todo o estado, 211 leitos de UTI foram fechados, entre junho e julho. São 1.434 leitos de UTI ativos no momento – o máximo tinha sido em 29 de junho, quando esse número estava em 1.644.
“Iniciamos um processo de desativação de alguns leitos, transferindo leitos covid para o atendimento de outras finalidades como cirurgias eletivas e ortotrauma”, informa. Outras estruturas, como a tenda do Hospital do Subúrbio, em Salvador, estão programadas para serem fechadas. Nada impede que elas sejam reativadas. “Vamos acompanhando o número de casos e, se houver necessidade de reabrir, nós iremos reabrir os leitos”, tranquila Vilas-Boas.
Casos zerados
As regiões da Bahia com menores índices de ocupação de UTI são o Nordeste, com 38%, e Centro-norte, com 40%. Existem cidades que chegaram a zerar o número de casos, como Wanderley, no Extremo-oeste, São José do Jacuípe, no Centro-norte, e Euclides da Cunha.
Na cidade de Gentio do Ouro, a cerca de 600 quilômetros de Salvador, não há registro de mortes desde o dia 1 de julho, segundo a prefeitura. O número de casos suspeitos, que estava em 21, no dia 1 de junho, está em zero desde 28 de junho. O número de casos ativos saiu de 47 para 9 na cidade, nos últimos dois meses.
Já em Campo Formoso, no Centro-norte baiano, a taxa de ocupação de UTI reduziu de 86% para 40%, no mesmo período. Em São José do Jacuípe, na mesma região, e onde ainda não há óbitos por covid-19, julho se iniciou com 15 casos ativos, zerou, e o mês terminou com três casos – uma diminuição de 80%.
Em Euclides da Cunha, no Extremo-oeste, junho foi o mês com maior número de casos, chegando a 581 confirmados. Já julho teve o menor número do ano, em comparação aos outros meses, com 178 confirmados.
Avanço da vacinação explica melhora dos índices
Para o secretário da saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, o avanço da vacinação no estado é a razão da melhora nos números. “Toda essa redução deve-se ao fato de já termos vacinado praticamente toda a população com mais de 50 anos com duas doses e avançado entre a população de 35 anos e 50 com a primeira dose. Pessoas que eventualmente ainda contraem a doença são mais jovens e não precisam ser internadas”, argumenta o secretário.
A queda progressiva dos números ocorreu exatamente nos últimos dois meses. “Estamos observando uma queda progressiva e contínua do número de pacientes internados nas nossas UTIs ao longo dos últimos 30 dias. Essa queda é principalmente observada na capital, mas também na região Centro-Leste, que envolve Feira de Santana. Temos visto taxas de ocupação chegarem próximas a 50%”, declara Vilas-Boas.
Para a imunologista Cláudia Brodskyn, pesquisadora do Instituto Gonçalo Muniz (Fiocruz), a melhora também foi graças a um maior número de imunizados. “Uma vez ampliada a cobertura vacinal, com mais grupos de diferentes faixas etárias, menores de 35 anos, os casos vão reduzindo, principalmente os mais graves e, consequentemente, reduz os óbitos, que foi exatamente o que a vacina prometeu”, explica Cláudia.
Além de dar um alívio para o sistema de saúde, a vacinação em massa diminui os riscos de surgimento de variantes. “A partir do momento que tem menos casos, existe uma diminuição da presença do vírus e a chance de surgirem variantes, porque, quanto mais alta a transmissão, mais mutações podem aparecer, levando a uma melhor adaptabilidade do vírus aos organismos”, esclarece a pesquisadora da Fiocruz.
Ela ainda lembra que a vacina deve estar aliada a outras medidas não farmacológicas. “Além de tomar a vacina, que é uma medida de proteção populacional, é preciso continuar com as medidas de uso da máscara, distanciamento social e evitar ao máximo o encontro com pessoas”, reforça.
Ocupação nas UTIs de Salvador cai em 44%
Em Salvador, a ocupação de leitos de UTI caiu de 81%, no dia 1 de junho, para 45%, nesta terça-feira (02), de acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS). A prefeitura também fechou leitos, pela melhora dos números. Foram 220 desativados, no mesmo período. Esses índices não ficavam abaixo de 50% desde novembro de 2020.
A média móvel de óbitos na capital baiana, que estava em 27,89 no dia 2 de junho, caiu para 5,29 no final de julho. A média móvel de casos confirmados por dia também reduziu. No mesmo período, saiu de um patamar de 616 para 137 – uma baixa de 77%.
Julho foi o mês que Salvador teve os dois melhores dias de vacinação – nos dias 1 e 22, foram mais de 37 mil pessoas vacinadas em um único dia. O recorde de aplicação de doses tinha sido em maio, quando cerca de 29 mil soteropolitanos foram imunizados.
Até a terça (02), o município tinha 1.425.105 vacinados com a primeira dose e dose única, o equivalente a 49,3% do total de habitantes. Com a segunda dose, são 652.022 pessoas, ou seja, 22,5% da população. Na Bahia, foram 6.591.524 primeiras doses e doses únicas aplicadas, isto é, 44,1% da população. Com a segunda dose, ou seja, estão completaram o esquema vacinal, 2.573.787 baianos – 17,2% do total.