A projeto de operacionalização comercial do Aeroporto Isaac Moura Rocha em Guanambi foi anunciado oficialmente pela primeira vez em julho de 2015. No entanto, apesar de muitos esforços políticos em todas as esferas, e do interesse de empresas, muitos problemas estruturais e de ordem técnica atrasaram a concretização da implementação.
Superados os entraves, o voo inaugural enfim foi marcado para o dia 20 de setembro, pouco mais de seis anos após o anúncio. Nesta quarta-feira (5), a Azul Linhas Aéreas iniciou a venda das passagens do trecho Guanambi – Belo Horizonte. Será usado um avião modelo ATR-72, com capacidade para 70 passageiros para fazer o trajeto. Depois de muita espera, a empresa chega ofertando quatro frequências semanais para a capital mineira, a principio.
Foi durante o lançamento do Plano Aeroviário do Estado da Bahia que o assunto veio a público pela primeira vez. À época, o secretário de estado de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, declarou que o aeroporto de Guanambi seria o próximo a operar com voos regulares no estado. Na ocasião, o local já passava por melhorias, como a reforma do saguão e construção de galpão para abrigar a unidade de incêndios aeroportuários.
Ele afirmou também que a Azul já tinha apresentado seu plano de intenções em operar no município. O secretário chegou a afirmar que o voo inaugural aconteceria até o fim do ano. Em dezembro, a Azul Linhas Aéreas anunciou que iria incluir Guanambi em sua malha aérea. “Nós estamos estudando implementar voos em outras cidades baianas, como Guanambi, que deve receber as operações da Azul muito em breve”, disse Antonoaldo Neves, presidente da Azul.
Entretanto, os problemas foram aparecendo nos meses seguintes e adiando a concretização do projeto. O primeiro deles foi a necessidade de uma nova pavimentação da pista e do pátio de manobras. O asfalto existente no local não era forte o suficiente para suportar as decolagens e os pousos frequentes de aviões maiores.
O problema que mais atrasou o projeto foi de ordem técnica. Em agosto de 2016, após uma avaliação realizada no durante a atualização do Plano Aeroviário, constatou-se que os morros do entorno do aeroporto eram considerados obstáculos que poderiam comprometer a segurança para pousos e decolagens de aviões maiores e apenas aviões de pequeno porte estavam permitidos.
Mesmo assim, uma equipe da Azul esteve em Guanambi em 2017 para uma primeira visita técnica ao aeroporto de Guanambi. Os técnicos fizeram um levantamento da estrutura e elaboraram um relatório com as mudanças necessárias para deixar o local compatível com as necessidades de funcionamento do serviço.
Este problema só foi superado em junho de 2018, quando as autoridades aeronáuticas reconsideraram as restrições impostas ao aeroporto. Isso ocorreu após a apresentação de um novo Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo (PBZPA), definindo procedimentos de segurança para operação.
A partir daí, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura, iniciou o processo para requalificar a pista do aeroporto. Foram investidos cerca de R$ 8 milhões na nova pavimentação e sinalização. Estado e prefeitura também investiram em equipamentos.
Ao mesmo tempo, a Azul voltou a reafirmar o interesse na operação em Guanambi durante apresentação do seu plano de expansão. Na ocasião, a companhia pretendia abrir 33 novas rotas no interior do país e no exterior, sendo que muitas se concretizaram.
Em maio de 2019, a obra foi concluída e o aeroporto reaberto para voos privados. Na sequencia, a Prefeitura de Guanambi contratou a Infrecea para fazer a gestão do aeroporto. A empresa implantou os procedimentos operacionais e atuou no processo de homologação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O pedido de certificação da pista foi apresentado pela prefeitura à Anac em outubro do mesmo ano. Somente em fevereiro de 2020 a certificação foi concedida, permitindo pousos e decolagens de aeronaves do tipo 2C e ATR-72.
Um mês depois, com a pandemia crescendo em todo o mundo, a aviação aérea foi um dos primeiros setores a sentir o impacto. Vários voos foram cancelados e operações para destinos nacionais e internacionais foram suspensas. A Azul caiu de quase mil operações diárias para pouco mais de 70.
Com a retomada do setor no fim do primeiro semestre de 2021, as companhias aéreas reativaram suas rotas e retomaram planos de expansão. No início do mês passado, a cúpula da Azul se reuniu com o secretário de Turismo Maurício Bacelar, onde foi agendada uma nova visita técnica ao Isaac Moura Rocha. Na ocasião também foi acertada a volta dos voos de Belo Horizonte para Lençóis, na Chapada Diamantina.
No último dia 7, a equipe da empresa desembarcou novamente em Guanambi para uma nova visita técnica. O assessor da presidência da companhia, Ronaldo Veras, revelou que os primeiros voos aconteceriam em setembro, como de fato foi anunciado em primeira mão pela Agência Sertão nesta quarta-feira (4).