Um filme que teve as cenas gravadas na zona rural de Vitória da Conquista e Anagé, está entre os selecionados para a 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O festival iniciou nesta terça-feira (7) e segue o dia 14 de dezembro.
A obra é “Alice dos Anjos”, um longa metragem de Daniel Leite Almeida, com produção da Ato3. Livremente inspirado em “Alice no país das maravilhas” de Lewis Carroll, e em “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire, “Alice dos Anjos” é um musical infanto-juvenil que faz uma releitura do clássico literário no contexto nordestino.
As imagens foram gravadas durante 30 dias e encerradas em 15 de agosto de 2019. No entanto, a obra só foi finalizada recentemente e a estreia será no festival.
Esse ano, o Festival tem como tema “O cinema do futuro e o futuro do cinema”. Silvio Tendler e Tânia Montoro assinam a curadoria. O evento será realizado, pelo segundo ano consecutivo, em formato completamente virtual, por meio da plataforma innsaei.tv, de forma gratuita. Para assistir, basta entrar no site e se cadastrar.
“Alice” entrou em exibição às 23h30 desta terça (7) e fica em cartaz até as 23h29 desta quarta-feira. A participação no Festival é também a estreia do longa, que posteriormente deve ser distribuído para os cinemas.
Vale lembrar que os longa-metragens da Mostra Nacional Competitiva serão exibidos no Canal Brasil, sempre às 23h30. Já os curtas e toda a programação da Mostra Brasília estarão disponíveis na Innsaei.TV, plataforma de streaming gratuita. O voto do júri popular será feito pela própria plataforma.
Alice dos Anjos
Segundo o sinopse do filme, Alice dos Anjos é uma menina esperta que vive no sertão nordestino, e que, após correr atrás de um bode preto apressado, é transportada a um lugar mágico, cheio de personagens malucos. Ela se vê, então, no meio de uma guerra contra um influente coronel que quer destituir as terras de comunidades tradicionais para construir uma usina hidrelétrica. À medida em que Alice se une aos seus amigos para lutar contra a opressão, ela se perceberá em uma jornada de autoconhecimento e consciência social’.
A personagem principal é uma menina negra que se depara com personagens que dialogam com o imaginário do agreste para discutir temas importante, tais como – a luta contra opressão, preservação ambiental e de comunidades tradicionais e educação emancipatória. Confira o trailer.
Sobre o diretor
Diretor, roteirista, produtor executivo e editor/montador, Daniel Leite Almeida nasceu em Aragarças, interior do Goiás, em 1991, e cresceu em Araguaiana e Barra do Garças, cidades mato-grossenses, onde também se formou em Letras pela UFMT. Se tornou cineasta em Vitória da Conquista, onde se graduou em Cinema e Audiovisual pela UESB. Dirigiu e escreveu dezenas de projetos audiovisuais, fazendo do seu cinema uma ferramenta de questionamento social.
“Primeiro, pela potência e importância que é o Festival, um dos mais importantes feitos no território nacional e que tem aberto o caminho para a existência da produção audiovisual feita nos interiores do Brasil, uma vez que a gente tem percebido na programação dos Festivais, ano a ano, filmes que saem do eixo Rio-São Paulo, como aconteceu com os realizadores da cidade de Cachoeira, e tem revelado novos nomes no cenário do Cinema Brasileiro. Agora poderemos mostrar a potência da produção de Vitória da Conquista, uma cidade do interior que tem se destacado no cenário baiano e construído um novo jeito de se produzir de forma mais humanizada e sustentável”, diz o diretor, ao site Telaviva.
Almeida destacou ainda a importância que é lançar esse filme em 2021 – “O filme traz temas importantes na luta contra as opressões, assuntos caros para o Brasil atual, e dialogamos o livro de Lewis Carrol com a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, importante pensador da Educação Brasileira e que nesse ano comemora-se cem anos do seu nascimento. Por fim, a simbologia de voltar ao Centro Oeste com a exibição de um filme produzido na Bahia, considerando que eu sou goiano, da região Centro Oeste, e fui para a Bahia para fazer Cinema: logo, isso representa uma espécie de retorno, de celebração”, conclui.