Estradas vicinais e ruas não pavimentas estão em estado crítico em Guanambi após 480 mm de chuva em um mês

Foto: Leitor Agência Sertão

São muitas as queixas referentes às condições de tráfego em estradas rurais e ruas não pavimentadas de Guanambi. Dezembro terminou com registro de acumulados de chuva históricos e a fartura de águas deixou evidente problemas antigos de infraestrutura.

Várias comunidades rurais estão praticamente isoladas pelas condições das estradas vicinais, além de ruas intransitáveis nos bairros sem pavimentação e muitos buracos nas principais avenidas que cortam a cidade.

Desde o início do mês, quando as chuvas mais expressivas começaram a cair, vários pontos de atoleiro começaram a surgir pelos cerca de 800 quilômetros estradas que ligam a sede e os distritos aos vários povoados espalhados pela zona rural. A dificuldade de tráfego prejudica agricultores que não conseguem escoar a produção, e a população que precisa acessar os serviços da cidade para diversas finalidades, principalmente de saúde.

Em alguns bairros, moradores não estão conseguindo acessar as garagens de suas casas com seus veículos devido aos atoleiros e valas abertas pelas enxurradas. Com fim do período chuvoso ainda distante, a situação deve permanecer por mais algum tempo. As situações mais críticas são registradas em bairros como Anita Cardoso, Brindes, Ipanema, Liberdade, Morada Nova, entre outros.

A Prefeitura de Guanambi informou que várias equipes da secretaria municipal de Infraestrutura seguem trabalhando para reduzir os efeitos negativos das chuvas na zona urbana e também no interior do município. Entre os trabalhos citados, está o desentupimento de bueiros e bocas de lobo, assim como a retiradas de árvores, recuperação vias públicas danificadas por enxurradas, retirada de areia e lama em vias mais movimentadas para prevenir eventuais acidentes, averiguação de residências, entre outras ações preventivas e emergenciais.

Já em relação às estradas, enquanto as chuvas não cessarem, pouco pode ser feito no momento, já que a terra úmida dificulta o trabalho das máquinas e a compactação das vias.

A prefeitura também ressaltou que as equipes estão de prontidão para atendimento de chamadas em casos de prestação de apoio ao Grupo de Trabalho, criado para o gerenciamento das ações de combate e prevenção aos efeitos chuvas. Solicitação de ajuda para casos de quedas de árvores, canais entupidos, alagamentos, vias interrompidas ou outras questões graves relacionadas às enchentes podem ser feitas pelo telefone: 9-9982 – 9438 que também é WhatsApp.

Chuvas bem acima da média

O pluviômetro da Agência Sertão, localizado no Centro de Guanambi, registrou acumulado de 444 mm no mês. Foram 17 dias com chuvas, e mais da metade deste volume se concentrou entre os dias 20 e 29 de dezembro (262 mm no período). Em janeiro já choveu 40 mm, totalizando 484 mm no intervalo de 31 dias.

Fonte: Pluviômetro da Agência Sertão no Centro de Guanamabi

Desde 2017, quando foi iniciado o registro, a média de chuvas para o mês de dezembro na cidade foi de 117 mm. As chuvas no mês em 2021 foram 3,8 vezes maior do que esta média e pouco menor do que a soma dos quatro últimos dezembros, que é de 468 mm. Já a média climatológica histórica é de aproximadamente 200 mm em Guanambi, menos da metade do registrado.

O volume concentrado de chuva causou o transbordamento do riacho do Belém em alguns pontos da cidade. A maior cheia aconteceu no último domingo (26) do ano, quando a avenida Sanitária foi tomada pela água.

Cheia do riacho do Belém no dia 26 de dezembro de 2021 em Guanambi – Foto: Thiago Nery

O acumulado é similar a um dos registros feitos em Vitória da Conquista, no bairro Patagônia, onde o pluviômetro do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) registrou 445 mm.

A cidade onde mais choveu no mês de dezembro em todo o mundo foi Itamaraju, na Região de Teixeira de Freitas, foram registrados 820 mm de chuva nos últimos 35 dias. O município foi um dos primeiros a ser afetado com as chuvas e um dos que tiveram mais danos na infraestrutura e perca de vidas humanas.

Fonte: Cemaden

Duas crianças e o tio delas morreram após um desabamento durante o temporal que começou na noite do dia 7 e se estendeu durante a madrugada, acumulando 325 mm em pouco mais de cinco horas. Todo este volume de água deixou a cidade ilhada, pois todos os acessos rodoviários foram interditados. Vários outros municípios do Extremo-Sul do Estado sofreram com os volumes extensos de chuvas.

A região voltou a ser afetada na antevéspera do Natal, assim como cidades da Região de Vitória da Conquista, no Centro-Sul do Estado.

De acordo com o último levantamento da Defesa Civil estadual, divulgado na tarde de domingo (2), são 32.594 desabrigados, 57.451 desalojados, 25 mortos e 517 feridos. O número total de atingidos chega a 661.508 pessoas. Os números correspondem às ocorrências registradas em 165 municípios afetados, dos quais, 153 estão com decreto de situação de emergência.

Barragens

Os níveis de armazenamento das principais barragens de Guanambi continuam subindo com as chuvas dos últimos dias. No meio da tarde desta segunda-feira (3), o reservatório de Ceraíma atingiu a cota 514,65, faltando apenas 35 centímetros para atingir o sangradouro.

O volume equivale a 49,6 milhões de metros cúbicos, faltando aproximadamente 1,49 milhões para atingir 100% da capacidade, o que deve acontecer nos próximos dias. Com a continuidade do período chuvoso, é possível que a barragem sangre mais de uma vez até abril. Há 15 dias, o volume era de 37,4 milhões de metros cúbicos e o nível estava na cota 511,72. Sã0 12,2 milhões a mais e quase três metros de altura a mais neste período.

A Barragem de Poço do Magro também recebeu bastante água nos últimos meses. Está com 30,6 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 83% da capacidade. Já o nível está na cota 517,85, 1,15 metros para chegar ao sangradouro.

Em Urandi, a Barragem do Estreito, localizada na divisa com o município de Espinosa/MG, atingiu sua capacidade máxima na última quarta-feira (29). o reservatório da Barragem de Cova de Mandioca, que terminou a estação seca no volume morto, recuperou cerca de 30% de seu volume.

Previsão

Ainda pode chover de forma significativa em Guanambi nos próximos dez dias. Uma nova Zona de Convergência do Atlântico Sul está formada e deve continuar trazendo muitas chuvas para todo a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Neste período, o acumulado de chuva na cidade pode superar mais 100 mm. Além disso, as previsões de longo prazo apontam que deve chover de forma regular até meados de abril, quando termina o período chuvoso.

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