Depois de muita expectativa, o reservatório da Barragem de Ceraíma, em Guanambi, enfim atingiu sua capacidade máxima e a água finalmente desceu pelo vertedouro depois de quase 30 anos. De acordo com informações de moradores da vila próxima ao local, a barragem começou a sangrar por volta de 1h desde domingo (9).
São 50,09 milhões de metros cúbicos de água acumulada para uso na irrigação e no abastecimento humano.
A água escorreu lentamente pelas paredes de concreto e seguiu seu fluxo pelo leito do rio Caranaíba de Dentro. Nas primeiras horas da manhã, o fluxo foi aumentando com a chegada das enxurradas das chuvas intensas que caíram durante a noite e parte da madrugada em toda a região.
Moradores de bairros cortados pelo Carnaíba de Dentro estão em estado de alerta devido ao risco de inundações caso volte a chover de forma intensa nas cabeceiras e na cidade. As águas vertidas de Ceraíma começam a correr pelo trecho do rio entre o distrito e Guanambi. Nas primeiras horas da manhã, o nível do rio já estava bem próximo de sair da caixa no bairro Liberdade.
Durante os últimos dias, foi intenso o movimento de pessoas sobre a barragem. O local que tem acesos restrito por conta da exigência de segurança está sendo muito visitado, mesmo com as placas indicando a proibição de entrada. Alguns curiosos se arriscaram pelas paredes do sangradouro pra verem de perto a cheia do lago.
Em abril de 2020, o reservatório também chegou ao seu nível máximo, porém, com o fim do período chuvoso, as águas não desceram rumo ao leito do rio. A ultima lembrança dos guarabirenses do sangramento da barragem é de 1992, quando uma grande cheia atingiu a região e alagou várias áreas de Guanambi.
Poço do Magro, outra barragem localizada em Guanambi, também está muito próxima de chegar à sua capacidade máxima de 37 milhões de metros cúbicos. A primeira e única vez que isso aconteceu foi em 2016.
Chuva Generalizada
A chuva foi generalizada e atingiu toda as regiões de cabeceira do rio Carnaíba e de seus afluentes. O volume de chuvas foi mais do que suficiente para completar o que faltava no reservatório da barragem de Ceraíma. No fim da tarde, eram cerca de 4 centímetros para atingir a cota máxima.
Em Guanambi, começou a chover pouco antes das 10h deste sábado (8) e caiu de forma mais intensa por volta das 23h. A estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia registrou temporal de 25 mm no intervalo de apenas uma hora. Nas horas seguintes, até por volta de 3h30, continuou chovendo na cidade. O acumulado de cinco horas interruptas de chuva foi de 36 mm. Durante o dia já havia chovido mais 13 mm.
O volume no período foi bem acima dos previstos pelos institutos de meteorologia, que indicavam para chuvas menos intensas na região. No entanto, boa parte do Centro-Sul da Bahia foi encoberto por uma formação de nuvens denominadas cumulonimbus, de grande desenvolvimento vertical, acompanhadas sempre de descargas elétricas e trovoadas.
Embora as previsões dos institutos fossem de chuvas mais modestas. O Inmet, a Defesa Civil Nacional e a sala de situação do Inema chegaram a emitir alertas nesta tarde para o risco de temporais no Centro-Oeste do Estado, o que acabou se concretizando.
A combinação de um vórtice ciclônico em altos níveis localizado no oceano e a convergência de umidade oriunda da Amazônia proporcionou uma maior convecção de umidade em superfície e favoreceu a formação de uma grande coluna de nuvens, desde as regiões Central e Leste de Minas Gerais, até áreas do Norte da Bahia, posicionadas principalmente na bacia do Rio São Francisco.
As condições climáticas atuais e as previsões continuam favoráveis para mais chuvas. Os acumulados pode ser de pelo menos 40 mm na região pelos próximos cinco dias. A partir do meio desta semana, o tempo deve voltar a ficar firma em Guanambi e municípios vizinhos.
Com a possibilidade de novas chuvas até meados de abril, a barragem de Ceraíma pode voltar a sangrar ainda nesta estação chuvosa.