Cheia do rio São Francisco atinge mesmos níveis de 2020 em Minas Gerais e na Bahia

Januária-MG - Defesa Civil/ Divulgação

A cheia do rio São Francisco continua aumentado as águas de um dos principais cursos d’água brasileiros em boa parte de sua extensão, desde a nascente, na região Central de Minas, até o sertão da Bahia. Os níveis registrados nas cidades cortadas pelo Velho Chico revelam uma das maiores cheias em décadas.

Além da continuidade das chuvas em parte da bacia pelo menos até o meio desta semana, o aumento da defluência no reservatório de Três Marias deve refletir no nível do rio. A Usina Hidroelétrica, administrada pela Cemig, operava até a semana passada com vazão mínima de 150 metros cúbicos por segundo (m³/s).

Já nesta segunda-feira (10), os dados fornecidos pela empresa mostram que a defluência subiu para pouco mais de 848 (m³/s), com a capacidade de armazenamento da barragem a 69,31%. Ainda esta semana, o volume deve superar a marca de 72,36%, máxima alcançada em 2021, no final de março.

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No momento, a quantidade de água que entra no lago é enorme, um dos maiores já registrados pelo sistema. São 5.359 m³/s, vazão que se fosse completamente vertida, causaria uma série de alagamentos nas cidades às margens do rio. Toda esta água é proveniente das chuvas intensas que caem sobre boa parte do Estado de Minas Gerais desde o fim de 2021.

Na região do rio Paraopeba, há registros de acumulados de chuva superiores a 500 mm nas últimas duas semanas, como o caso da Brumadinho, onde um pluviômetro do Centro Nacional de Monitoramento de Desastras Naturais (Cemaden), instalado em Inhotim, registrou mais 413 mm apenas nas últimas 96 horas. No acumulado de 14 dias, o volume de chuva é de mais de 590 mm.

Nível do rio São Francisco

Mesmo antes do aumento da vazão, as estações fluviométricas instaladas no curso do rio coletam dados já similares aos registrados em março de 2020, último ano com de cheia expressiva. Na cidade de São Francisco, no Norte de Minas, a cota desta tarde é de 8,78 metros, apenas dez centímetros a menos do que o registrado na cheia anterior. 

A vazão do rio na localidade é de 7.240 m/s na tarde desta segunda-feira de acordo com dados da Companhia Hidroelétrica do São Francisco. Alguns ribeirinhos e moradores de ilhas tiveram que sair de suas casas.

De acordo com a defesa civil municipal, cerca de 46 famílias já deixaram as margens do rio e estão em residências de parentes. Elas viviam nas comunidades de Recanto da Tapera, Assentamento São Francisco e Ilha das Porteiras. Um morador de uma comunidade rural fez um vídeo mostrando como a cheia tomou conta das vazantes e inundou as plantações.

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Já em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, a medição no mesmo horário era de 8,14 metros, o mesmo registrado em 17 de março de 2020, . A vazão está em 4.240 m³/s.

A água já encheu as lagoas e invadiu os quiosques construídos nas margens. Mesmo com a cheia, na tarde deste domingo (9), ribeirinhos celebraram o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, e realizaram a procissão fluvial com diversas embarcações por um trecho do rio.

A cheia do rio já avançou sobre as lagoas e alagou quiosques e balneários das margens. Com o nível ainda aumentando nas cidades mineiras, nos próximos dias, a cheia deve ficar ainda maior nos municípios baianos.

Nível da Barragem de Sobradinho

O nível da Usina Hidroelétrica de Sobradinho também esta subindo consideravelmente com a chegada das águas da bacia hidrográfica. Neste domingo (9), o volume estava em 58,76% de acordo com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf).

A afluência era de 4.460 m³/s e a defluência de 793 m³/s. A previsão é de que o lago ultrapasse o volume de 60% ainda esta semana e que chega a mais de 85% até o fim do período chuvoso.

No reservatório de Itaparica, o volume é de 59.62%.

Previsão

As chuvas começam a diminuir nos municípios da bacia do rio São Francisco. Mesmo assim, anda pode chover de forma significativa nos próximos três dias. Os institutos de meteorologia apontam que os acumulados devem ficar entre 45 e 90 mm nas cidades da região Central de Minas Gerais.

No Norte de Minas e no Centro Sul da Bahia as chuvas ficaram bem mais escassas e no Oeste do Estado devem chover de forma mais moderada.

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