O reservatório da barragem do Poço do Magro começou a sangrar no fim da manhã desta terça-feira (11). Logo nas primeiras horas do dia, o nível já havia atingido a cota máxima, de 519 metros.
Como ainda não choveu de forma significativa na região nas últimas horas, o restante de água acumulada no Riachão e seus afluentes com as últimas chuvas foi descendo pela bacia e a água do lago começou a descer lentamente pelo vertedouro.
As primeiras imagens da água da escoando pelo paredão foram registradas por um homem que passava no local e resolveu descer até a área do sangradouro. Primeira água, começa a sangrar a barragem do Poço do Magro. Prestigiei a primeira água vazando na barragem do Poço do Magro, fazendo o vídeo. E nós tá (sic) correndo este risco aqui. Se ‘zabrar’ nós não sabe (sic) onde vai parar. Vou sair de baixo, tchau obrigado”, disse.
Pouco tempo depois, o Blog do Latinha publicou vídeo do radialista Tony Santana andando pelo sangradouro já com um volume um pouco maior de água escorrendo. (veja aqui)
Ainda há possibilidade de chuvas em Guanambi, Pindaí e Candiba pelo menos até esta quarta-feira (12), embora os volumes esperados não sejam significativos, algum temporal localizado no curso d’água pode levar mais água e fazer com que ela verta água com mais intensidade.
São 37 milhões de metros cúbicos armazenados na barragem, sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paranaíba (Codevasf). A água do reservatório é usada para abastecimento humano, construção civil e para atividades agropecuárias no entorno da barragem.
A obra de construção começou em 2002 e foi concluída em 2005, custando na época R$ 13 milhões, com investimento do governo federal. A primeira vez e única vez que ela tinha atingindo sua capacidade máxima e sangrou até então foi em 28 de janeiro de 2016, há quase seis anos.
O volume do reservatório antes do início das chuvas expressivas, no final de outubro, era de 10,144 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a 27,4%. Até a véspera de natal a recarga havia sido de 7 milhões de metros cúbicos. Os outros 20 milhões restantes chegaram no lago entre o dia 24 de dezembro e 11 de janeiro, sendo que entre o dia 24 e 31 foram recarregados 12 milhões.
O pior volume registrado pela Codevasf desde 2010, quando iniciou-se a série histórica de medições, o final de 2011 foi o ano no qual o lago ficou mais seco, 735.000 m³, apenas 2% da capacidade.
As águas que saem da barragem do Poço do Magro seguem em direção ao leito do rio Carnaíba de Dentro, mesmo rio que forma a barragem de Ceraíma. O encontro dos dois rios acontece próximo à ponte da BR-030, na saída para Palmas de Monte Alto. Antes de encontrar o Riachão, o Carnaíba recebe as águas do riacho do Belém, que corta a cidade de Guanambi.
O Carnaíba de Dentro encontra com o Carnaíba de Fora próximo as distritos de Vesperina (Riacho de Santana), e Espraiado (Palmas de Monte Alto). O encontro dos dois rios forma a trilha divisa entre os dois municípios e Matina. Eles formam o Carnaíba, ou rio da Rãs como também é conhecido.
Como a barragem de Ceraíma também está sangrando, esta é a primeira vez que as duas grandes barragens de Guanambi sangram ao mesmo tempo. Com as duas barragens cheias, populações residentes nas proximidades dos rios devem redobrar a atenção casou haja ocorrência de novas chuvas expressivas na cidade.
Na noite desta segunda-feira (10), o grupo de trabalho formado pela prefeitura para elaborar e executar ações para amenizar os dados causados pelas cheias foi até o bairro Liberdade e aconselhou moradores de áreas baixas a deixar suas casas. Caminhões e equipes foram disponibilizados para ajudar nas mudanças.
Apesar do aumento da vazão de saída de água do sangradouro, cuja a lamina d´água passou de 30 centímetros, o rio fluiu bem pelo bairro e não ameaçou invadir ruas ou residências.