A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) aumentou pela última vez a vazão difluente da Hidroelétrica de Sobradinho conforme programação iniciada no último dia 12. Desde esta data, as comportas foram abertas gradativamente, liberando mais 500 metros cúbicos por segundo (m³/s) a cada dois dias.
No sábado (22), a defluência chegou a 3.800 m³/s, e mais 200 m³/s estão sendo liberados nesta segunda-feira (24), chegando ao total de 4.000 m³/s. O volume útil do reservatório chegou a 66.36% e a afluência supera 5.400 m³/s.
https://agenciasertao.com.br/2022/01/25/sobradinho-vai-manter-vazao-de-4-000-m%c2%b3-s-no-rio-sao-francisco-ate-1o-de-fevereiro/
Pelo menos até o início da próxima semana, a afluência deve continuar subindo devido à chegada das cheias ocorridas em Minas Gerais. Além disso, a Hidroelétrica de Três Marias, na Região Central Mineira, continua vertendo águas no Velho Chico, pois seu volume continua acima de 90%.
A hidroelétrica de Xingó também está praticando o incremento gradual de vazão em volumes similares aos de Sobradinho. Com isso, além das cidades de Pernambuco e Bahia, o nível do rio também está subindo em Alagoas e no Sergipe.
Nas primeiras cidades abaixo da barragem, Juazeiro na Bahia e Petrolina em Pernambuco, o nível do rio subiu aproximadamente 2,90 metros (m) desde o início do aumento do vertimento. Na madrugada desta segunda-feira, antes do último incremento, o nível estava em 4,03 m.
O aumento do rio nos últimos dias mudou a paisagem destas cidades, alterando a rotina de turismos nas ilhas e de famílias ribeirinhas que tiveram que deixar suas casas com a subida do rio.
Durante o fim de semana, foi grande o movimento na orla de Juazeiro, onde a água encobriu as partes mais baixas, e na ponte que liga a Petrolina. Muita gente foi conferir a maior cheia do São Francisco em quase 15 anos. Alguns aproveitaram para entrar na água e se refrescar do calor, enquanto outros navegavam em barcos, lanchas e caiaques.
De acordo com a Chesf, abertura das comportas faz parte do processo de controle da cheia do rio São Francisco e as decisões são tomadas com base em dados pluviométricos e fluviométricos colhidos nas estação espalhadas pelo curso do rio e de seus principais afluentes.
Além disso, a liberação ou não de água depende da análise de modelos meteorológicos que preveem as próximas chuvas. O objetivo do controle da cheia é garantir o maior volume final possível ao fim do período chuvoso e regular a vazão do rio para evitar que as enchentes ameacem as cidades das margens.
Cheia perde força em Minas Gerais
A cheia já perdeu força nas primeiras cidades do Norte de Minas banhas pelo Velho Chico. De acordo com os dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Serviço Geológico Brasileiro (CRPM), o nível já caiu em algumas cidades, como São Romão e São Francisco, com previsão de estabilização em Januária e Manga.
Na Bahia, o rio segue em elevação nas cidades de Malhada, Carinhanha, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Morpará, entre outras até o reservatório de Sobradinho.
Para os próximos dez dias, por exemplo, há novamente a possibilidade de chuvas expressivas em toda a bacia hidrográfica, porém os volumes não devem ser tão significativos como os registrados entre o fim de dezembro e o início de janeiro.
Os acumulados mais significativos, entre 70 e 100 mm, são esperados principalmente no Noroeste de Minas Gerais e no Oeste da Bahia.