Enchente histórica de 1992 em Guanambi completa 30 anos nesta quarta-feira

Reprodução | TV Beija-Flor

As chuvas intensas e enchentes assolaram muitos municípios baianos no fim de 2021 e trouxeram à tona a memória dos guanambienses do grande drama passado em 1992, quando parte da cidade ficou debaixo d’água após dias ininterruptos com tempestades na região.

Nesta quarta-feira (26), completa-se 30 anos do acontecimento histórico que deixou centenas de desabrigados e desalojados e isolou os principais acessos da cidade.

ENCHENTES EM GUANAMBI PRIMEIRA PARTE.VOB

Na ocasião do desastre, as barragens construídas ao longo do riacho do Belém foram cedendo uma a uma e todo o volume de água desceu em direção ao perímetro urbano.

Também chegou muita água vertida da barragem de Ceraíma, que sangrou com mais de um metro e meio de altura no vertedouro, e do Riachão, que trouxe águas de Pindaí e Candiba, numa época em que elas não eram retidas por nenhuma barragem, pois Poço do Magro ainda não havia sido construída.

BARRAGEM DE CERAIMA CHEIA.VOB - ONÍLIO JR.

Toda esta água se encontrou no rio Carnaíba de Dentro, próximo à cidade. Como as chuvas duravam muitos dias, uma grande cheia se formou até o rio São Francisco, no município de Malhada, o que dificultava ainda mais o escoamento da água.

Com a cidade bloqueada e cheia de pessoas com necessidades após perder tudo que tinham, Guanambi viveu dias de desabastecimento e desolação. No dia 2 de fevereiro, um avião Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou no aeroporto da cidade trazendo donativos para os atingidos. O então governador Antônio Carlos Magalhães também esteve na cidade nesta ocasião.

ENCHENTES DE GUANAMBI 1992 - COMPLETA

Passados mais alguns dias, as chuvas foram diminuindo e a parte afetada da cidade foi sendo reconstruída. De lá para cá, a Guanambi nunca mais foi assolada por enchentes. A barragem de Ceraíma também não havia sangrado novamente, feito que só foi repetido no último dia 9, após seu reservatório atingir 100% da capacidade.

Os volumes de chuva registrados na atual temporada chuvosa são similares aos daquela época, com a diferença de que a chuva diminuiu com o avanço do mês de janeiro. Foram registrados mais de 550 mm em um intervalo de 30 dias. Além de Ceraíma, o lago de Poço do Magro também atingiu 100% de sua capacidade e sangrou dois dias depois.

Segundo dados históricos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a temporada chuvosa, iniciada em 1991 e terminada em 1992, acumulou cerca de 1.200 mm, mais de 60% do que a média histórica da região, sendo que mais da metade caiu nos meses de dezembro e janeiro.

ENCHENTES CONTORNO LESTE.VOB - IMAGENS ONÍLIO JÚNIOR

De acordo com Onílio Júnior, cinegrafista amador que registrou as imagens da grande enchente, ele estava na feira  às 7h da manhã daquele domingo, quando começou a chover forte na cidade. “Eu estava na feira de Guanambi, começou mais uma chuva, era diferente, com pingos enormes e constantes. Entre vai e vem da intensidade, foram quase sete horas de precipitação”, comentou.

Já na parte da tarde, ele conta que o telefone de sua casa tocou e era sua cunhada relatando que estava ilhada no bairro Brasília, pois os acessos tinham quebrado ou estavam alagados. “Minha reação foi imediata, peguei a filmadora e rumei de volta para a feira. Cheguei já filmando do chão, queria mostrar do alto, a real dimensão. Pedi a um morador para subir na laje de sua casa. Com a filmadora no ombro, guarda-chuva na outra mão, me equilibrava, tentando estabilizar a imagem”.

Com a fita já cheia de gravações, ele fez uma cópia e enviou para a TV Sudoeste, em Vitória da Conquista. As gravações foram exibidas nos principais telejornais do Estado no dia seguinte, mostrando aos baianos a dimensão das enchentes em Guanambi. “Foi uma repercussão incrível na cidade. As imagens rodaram o país. A prefeitura recebia ligações dos meios de comunicação do Brasil inteiro e a telefonista transferia para que eu desse informações. De repente, virei também, assessor de imprensa”, comentou.

Com o sucesso de suas imagens, Onílio que já era apaixonado por cinegrafia e jornalismo, e já filmava seus momentos em família, passou a filmar casamentos, aniversários, formaturas e outros acontecimentos na cidade. “Faturei uns trocados na época e não parei mais de fazer registros. De forma simples, registrei bons e maus momentos”, conta.

Ele ainda guarda a sua primeira filmadora, uma Panasonic M 2000, e as fitas, as mesmas usadas para registrar a enchente. Nos últimos anos, com a popularização do Youtube e das redes sociais, ele resolveu fazer publicar algumas imagens antigas e novas sobres o acontecimento da cidade, criando assim a TV Beija-Flor.

Veja também: 

https://agenciasertao.com.br/2019/08/13/guanambi-em-video-dos-100-anos-27-foram-registrados-pela-tv-beija-flor/

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