A Usina Hidroelétrica de Três Marias (UHE Três Marias), na Região Central de Minas Gerais, atigiu 93,9%, mesmo patamar alcançado no dia 21 de janeiro, quando alcançou a maior marca para o mês em quase 60 anos de operação.
O reservatório segue com tendência de estabilidade nas próximas horas, pois a afluência está pouco maior do que a defluência. No início da tarde desta terça-feira (22), o lago estava recebendo 3.106 metros cúbicos por segundo (m³/s) e as turbinas e comportas estão liberando 3.019 m³/s, patamar atingido na última sexta-feira (18).
Cerca de 800 m³/s de água passam pelas turbinas de geração de energia, que trabalham com a capacidade máxima de produção. O restante está sendo liberado pelas comportas.
Em nota, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que segue acompanhando a condição da bacia e ao longo dos próximos dias atualizará quaisquer alterações nesta programação de defluência. Como as chuvas tendem a ficar menos intensas nos próximos dias, de acordo com as previsões meteorológicas, é pouco provável que haja aumento da vazão no decorrer desta semana.
A empresa trabalha com modelos hidrológicos e meteorológicos para tomar decisões sobre alterações de vazões. Além disso, as decisões precisam do respaldo da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
O reservatório iniciou o período chuvos com cerca de 34% de seu volume. Com as chuvas intensas de dezembro e início de janeiro, houve elevação acelerada no nível da água. No dia 13 de janeiro, a afluência em Três Marias foi superior a 9.000 m³/s, a maior já registrada em todo o período de operação da hidroelétrica.
Controle da cheia
A meta do controle da cheia, além de evitar alagamentos e inundações à jusante da hidroelétrica, é otimizar o armazenamento de água para que ao fim do período chuvoso haja o maior volume de água possível para produção de energia elétrica durante o ano. Como ainda há previsões de chuvas pelo menos até abril, o reservatório deve terminar o período chuvoso bem próximo de 100% da capacidade.
A estatal tem procurado sincronizar a abertura de comportas com as alterações na vazão do rio Abaeté, que tem sua foz entre a barragem e o município de Pirapora. A preocupação é para que o nível do rio não suba o suficiente na cidade de modo que possa alcançar de forma significativa o Vapor Benjamin Guimarães, último barco a lenha ainda em condições de navegabilidade no mundo.
Nesta segunda-feira (21), o nível chegou a encobrir parte do casco da embarcação. A cota ultrapassou 4,50 m, superando a marca de 4,12 m registrada em janeiro.
A embarcação foi retirada do leito do rio em novembro de 2020 para passar por um processo de restauração. Entretanto, os repassasses do convênio entre o Instituto Nacional do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) e o Istituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) foram interrompidos e os trabalhos ficaram paralizados.
Em janeiro, o Governo de Minas informou que assumiu integralmente a restauração da embarcação, um dos símbolos do rio São Francisco. De acordo com nota publicada no portal de notícias da administração estadual, a decisão foi tomada em função da falta de repasses de recursos financeiros em convênio firmado entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan e o Iepha, até então encarregado pela contratação e execução da obra. Em breve serão divulgados orçamentos e novo cronograma para a continuação da obra.
Cheia no Médio São Francisco
Com as comportas de Três Marias e com afluêntes como o rio Paracatu, o das Velhas, Urucuia e outros com levando bastante água ao Velho Chico, a cheia no Médio São Francisco está alcançando os patamares registrados em janeiro no Norte de Minas e na Bahia.
No primeiro ponto de monitoramento abaixo da foz do rio das Velhas, em Cachoeira da Manteiga, no município de Buritizeiro, faltam apenas 15 centímentros para alcançar a marca de 10,11 metros (m), registrada em 19 de janeiro.
O cenário se repete nos municípios de São Romão, abaixo da foz do Paracatu, e em São Francisco, abaixo da foz do rio Urucuia, assim como nos próximo municípios, como Januária, Itacarambi e Manga, no Norte de Minas, e Carinhanha, Malhada e Bom Jesus da Lapa, na Bahia.
Sobradinho
O reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho ultrapassou 76% de seu volume. Com afluência chegando próximo a 6.000 m³/s, a defluência está mantida em 4.000 m³/s. Como há previsão de chuvas expressivas no Sub-Médio e no Baixo São Francisco nos próximos dias, o nível do rio que segue estável com a defluência controlada até a Hidroelétrica de Xingó pode subir alguns centímetros em algumas localidades.