Com cheia do rio São Francisco, volume do reservatório de Sobradinho chegou a 80%

Sobradinho em Janeiro de 2022 - JRM Drone

Com uma das maiores cheias das últimas décadas, o rio São Francisco segue levando muita água para o reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho, na Bahia. Mesmo com a defluência de 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s), o volume de chegada é maior, em torno de 6.000 m³/s nos últimos dias, o que faz com que o lago continue aumentando a quantidade de água armazenada.

De acordo com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), o volume útil do reservatório chegou a 80% nesta quarta-feira (2). Como o Velho Chico continua cheio, com o pico da segunda cheia do ano terminando de atravessar o Norte de Minas, a afluência do reservatório continuará em patamares elevados, garantindo mais ganho de volume nas próximas semanas.

Além disso, o período chuvoso deve durar até meados de abril, o que fará com que o volume chegue próximo a 100% antes de começar a diminuir novamente com a chegada do período seco.

No final de outubro, antes do resultados das chuvas, o reservatório chegou a armazenar apenas 33% de sua capacidade, quando começou a recuperar o seu volume. O percentual subiu para 37% ao fim de novembro e para 50% ao fim de dezembro.

Em janeiro, com as chuvas mais expressivas na cabeceiras do rio São Francisco e seus afluentes, o volume começou a subir de forma mais significativa. Finalizando o mês com quase 69% da capacidade. Em fevereiro, o volume subiu cerca de 10%.

Na última segunda-feira (28), a Chesf informou que irá manter a vazão nas hidroelétricas de Sobradinho até Xingo no mesmo percentual, sem previsão de modificações nos patamares para os próximos dias.

Geração de Energia

A Hidroelétrica de Sobradinho tem capacidade instalada de 1.050 MW, correspondendo a uma vazão turbinada máxima de aproximadamente 4.100 m3/s. No entanto, apesar da vazão total estar neste patamar desde meados de janeiro, muita água está sendo jogada fora sem a produção máxima de energia.

Nos últimos dias, a vazão turbinada tem se mantido na casa de 2.400 m³/s, com mais de 1.500 m³/s liberados pelas comportas, sem produção de energia.

O desperdício ocorre devido à ocupação das linhas de transmissão que transportam esta energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Devido à crise hídrica enfrentada no ano passado, foi necessário ativar termoelétricas para garantir o fornecimento. Como os contratos de geração de energia produzida pela queima de combustíveis fósseis não podem ser cancelados de imediato, as linhas permanecem ocupadas, impedindo a utilização do potencial máximo das hidroelétricas.

Três Marias

Com a diminuição das chuvas no Alto São Francisco, a Usina Hidroelétrica de Três Marias diminuiu a defluência de 3.000 m³/s para pouco mais de 2.000 m³/s. Como a afluência está pouco abaixo deste valor, o reservatório opera em regime de esvaziamento.

Depois de chegar a 93,9% pela segunda vez este ano, o volume último está em recuo desde a última semana, chegando a 92% nesta quinta-feira (3). A diminuição no volume visa liberar espaço para receber águas de eventuais chuvas que devem cair sobre a bacia hidrográfica nas próximas semanas.

Assim com a Chesf faz em Sobradinho e demais usinas do sistema, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) trabalha com previsões de modelos meteorológicos e hidrológicos para gerenciar a liberação de água do reservatório. O objetivo das duas estatais é garantir o maior volume armazenado ao fim do período chuvoso e também evitar alagamentos à jusante das barragens.

Nível do rio São Francisco

O nível do rio São Francisco começou a se estabilizar no município de Manga, último de Minas banhado por suas águas. A cota registrada nesta quarta-feira (3) foi de 8,52 metros, dois centímetros a mais do que o registrado no final de janeiro.

Nas cidades baianas de Malhada e Carinhanha, o nível deve subir até o fim da semana, assim como em Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Morpará e Barra, até chegar ao reservatório de Sobradinho.

Previsão

Para os próximos dez dias, não há previsão de chuvas expressivas na parte mineira da bacia. Já nas cabeceiras dos rios do Oeste Baiano, o acumulado de chuva neste período pode superar 60 mm segundo dados dos institutos de meteorologia e dos modelos meteorológicos.

SEM COMENTÁRIOS

Deixe uma respostaCancelar resposta

Sair da versão mobile