A Cemig informou que irá aumentar a vazão da Usina Hidroelétrica de Três Marias, localizada no rio São Francisco, na Região Central Mineira. O reservatório atingiu 66% de sua capacidade nesta sexta-feira (6) e deve continuar aumentando seu volume até o fim do mês.
De acordo com a estatal, conforme esperado, Minas Gerais vem recebendo volumes significativos de chuva neste início de janeiro, devido à formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS. A ocorrência deste evento ao longo dos dias que seguiram ocasionou elevados volumes de chuva na maior parte da faixa central do estado.
Em Três Marias, as vazões que chegam superaram 2.000 m³/s nesta sexta-feira, com tendência de permanecerem elevadas ao longo da próxima semana. Com isso, o reservatório começou a ganhar nível de forma mais rápida.
A partir da próxima segunda-feira (9), a vazão liberada que encontra-se reduzida a 300 m³/s vai passar a 800 m³/s, patamar ainda bem inferior à afluência. Além das turbinas de geração de energia elétrica, algumas comportas serão abertas para verter a água ao rio.
A manobra tem como objetivo controlar a subida de nível da água, reduzindo a velocidade de enchimento, sendo alinhada junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e informado à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
A Cemig informou que o objetivo dessa ampliação de vazões, mesmo com apenas 66% de armazenamento, é garantir que o aumento de vazões da UHE Três Marias se dê de forma gradual, com o menor impacto possível para o trecho a jusante da usina.
Mesmo com a abertura de comportas, a tendência é que o reservatório continue ganhando armazenamento até o final do mês. “A Cemig segue monitorando a condição de operação da unidade e novas ampliações podem ser necessárias nas próximas semanas, conforme as afluências verificadas no reservatório até o final deste mês”, disse a nota da empresa.
A estatal ressaltou que, para este patamar de vazões, não são esperados impactos para os municípios a jusante da UHE Três Marias no trecho até Pirapora, que recebe contribuição de vazões mais significativa apenas do alfuente rio Abaeté. Após este município, o Rio São Francisco ainda recebe contribuintes significativos ao longo de seu curso, como Rio Urucuia, Rio das Velhas e o Rio Paracatu.
Tais afluentes já vem vivenciando maiores vazões, dado o evento chuvoso recente, e considerando a grande distância da usina de Três Marias até os municípios ribeirinhos após a foz do Rio das Velhas, a contribuição de vazões da usina é reduzida, sendo o maior volume do Rio São Francisco oriundo dos demais afluentes.
Desta forma, o controle de cheias da UHE Três Marias é realizado considerando a vazão limite de 4.000 m³/s no município de Pirapora, composta pelo somatório das vazões defluentes da usina e da incremental até Pirapora (rio Abaeté).
Monitoramento
É possível acompanhar informações das usinas em tempo real, a Cemig disponibiliza o aplicativo Prox, com o qual a população pode acompanhar a variação dos níveis e vazões dos rios e reservatórios da região.
A companhia desenvolveu esse aplicativo com o objetivo de disponibilizar mais um canal de informações para as populações influenciadas pela operação dos seus reservatórios. A ferramenta permite uma comunicação mais efetiva com a comunidade, bastando apenas o download gratuito do aplicativo (loja Play Store-Android http://bit.ly/prox_android e App Store-iOS http://bit.ly/prox_ios).
Além disso, no site da Cemig a população pode acompanhar os dados da operação de usinas da companhia meio do link cemig.com.br/usinas.
Controle da cheia de 2022
A usina de Três Marias foi muito importante para que algumas cidades ao longo do Rio São Francisco, como Pirapora, não fossem completamente inundadas pelas chuvas do início de 2022. Em 13 de janeiro de 2022, a usina recebeu a maior vazão afluente média diária ao reservatório de todo seu histórico de operação.
Durante aquele dia, entrou uma média de 8.939 m³/s, enquanto a liberação era de 850 m³/s. O maior evento até então tinha sido registrado em fevereiro de 1983, quando o reservatório recebeu uma vazão média diária de 8.572 m³/s. Nos dias seguintes, a Cemig fez operações controladas de liberação de água do reservatório para que a usina não tivesse a capacidade de amortecimento esgotada, após a análise criteriosa da situação e com o enfraquecimento do evento meteorológico que atingiu a região.
Durante este período de cheias a liberação máxima de vazões em Três Marias foi de aproximadamente 3.000 m³/s. Além de Pirapora, que possui a contribuição não controlada do rio Abaeté, todo o restante do vale do rio São Francisco teria sofrido efeitos muito mais significativos que os vivenciados no início deste ano se não existisse a usina de Três Marias, que absorveu o maior volume da cheia reduzindo as vazões rio abaixo.
Importante também destacar que, desde o início das chuvas, o reservatório utilizou seu volume vazio para poder atenuar as vazões altas que as chuvas produziram, partindo de 51,82% no primeiro dia deste ano até atingir seu pico de armazenamento ao longo de 21 de janeiro com 93,91%.