O Ministério da Saúde oficializou janeiro como o mês de combate e prevenção à hanseníase, doença que compromete a pele e os nervos, a força e a sensibilidade. Aproveitando esse momento, o município de Vitória da Conquista, que é zona endêmica da doença, está realizando uma campanha conscientizar e informar a sociedade sobre o tema.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da coordenação da Vigilância Epidemiológica (Viep) e do Centro Municipal de Pneumologia e Dermatologia Sanitária (CMPDS) – serviço de referência para pacientes com diagnóstico de tuberculose e hanseníase – ampliou as ações de sensibilização para o diagnóstico e divulgação do serviço existente no município.
A mobilização, que teve início esse mês e continuará ao longo do ano, busca orientar toda a rede de saúde, principalmente a Atenção Primária em Saúde (APS), para organizar suas ações educativas nos territórios, além de promover capacitações e ações integradas voltadas para os profissionais de saúde.
“A função dessa campanha é mostrar para toda a rede de saúde do município e para a população que nós estamos aqui atendendo diariamente. Teve suspeita clínica da doença? É só buscar diretamente o Centro Municipal de Pneumologia e Dermatologia Sanitária”, complementou a coordenadora da Viep, Amanda Maria Lima.
Vitória da Conquista é considerado um município é considerado uma zona endêmica da doença. Entre 2015 e 2022 foram diagnosticados 366 novos casos de hanseníase, aproximadamente 45,75 casos por ano.
Como doença infectocontagiosa, a vigilância da hanseníase é realizada pela identificação do caso novo e dos seus contatos, pois esses também podem já estar adoecidos.
Desde o início da pandemia, o número de diagnósticos diminuiu, principalmente porque os pacientes têm buscado o serviço em estágio mais avançado da doença. “Isso significa que estamos fazendo poucos diagnósticos na fase inicial. A gente precisa da ajuda de todos e hoje o que falta é pensar que a doença ainda existe, porque tem muitos pacientes que tratam como alergia ou fungo e demoram muito para chegar até o serviço”, explicou a dermatologista do CMPDS, Crysthiane Valera.
A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica (muito longa) causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo.
A transmissão acontece pela respiração, por meio de gotículas expelidas pelo nariz ou saliva de uma pessoa doente, sem tratamento. “A transmissão só vai ocorrer por meio de contato íntimo e prolongado. O que seria isso? Você teria que conviver diariamente com a pessoa doente, não é por um aperto de mão, um abraço, isso não vai transmitir a doença”, esclareceu a dermatologista.
Os principais sintomas são o aparecimento de manchas na pele, que podem ser vermelhas, brancas ou amarronzadas, e os pelos dessa região normalmente caem.
“Essas manchas são fixas e não somem, mesmo fazendo tratamento com antialérgicos, pomadas, não têm melhora do quadro. Com o passar da evolução da doença, vai se perdendo a sensibilidade no local. Quando, por exemplo, a pessoa se queima e não sente, já é uma hanseníase tardia”, afirmou Dra. Crysthiane.
O diagnóstico é clínico e somente em alguns casos é necessário fazer uma biopsia ou baciloscopia. A hanseníase tem cura e o tratamento é disponibilizado, gratuitamente e exclusivamente, pelo SUS e o tempo de tratamento varia de seis meses a um ano. Tão logo seja iniciado o tratamento, a doença deixa de ser transmissível. Por isso é importante diagnosticar a doença logo no início.
Quando não tratada, a doença pode evoluir para a perda de sensibilidade nas mãos e nos pés, dificuldade de caminhar e realizar atividades básicas diárias, como se alimentar, tomar banho sozinho, além disso pode ter alterações na visão, no olfato e no paladar.
O CCMPDS oferece assistência necessária aos pacientes diagnosticados com hanseníase e funciona de segunda a sexta-feira de 7h às 12h, na Praça João Gonçalves, s/n, Centro, próximo à Prefeitura Municipal.