A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), Graciele da Silva Tavares, que atua no serviço de urgência e emergência há 15 anos, está participando como voluntária da missão Yanomami, do Ministério da Saúde, em Roraima, colaborando no enfrentamento à crise humanitária gerada pela desassistência em saúde nas terras indígenas Yanomami.
De acordo com a prefeitura, a enfermeira é a única profissional de saúde de Vitória da Conquista participando da missão e para que ela pudesse ir, o Ministério da Saúde emitiu um ofício ao Samu, pedindo a sua liberação para atuar na missão.
“Tive total apoio da Secretaria Municipal de Saúde, pois nós somos emprestados e a coordenação do SAMU tem esse cuidado, porque algumas instituições privadas não liberam e a Prefeitura de Vitória da Conquista nos dá essa flexibilidade e apoio para atuar numa missão tão linda como essa”, complementou a enfermeira.
Graciele cumpriu a primeira missão entre os dias 3 e 17 de fevereiro e embarca novamente nesta terça-feira (7), com destino a Boa Vista, para dar continuidade à missão até o dia 26 de março. “Fiquei lá durante esse período nas aldeias, auxiliando na saúde indígena, testagem para malária, tratamento dos casos positivos e remoção de pacientes graves para Boa Vista, por meio de helicópteros, de aeromédico ou barco, porque são aldeias que só têm acesso dessa forma”, disse ela.
A enfermeira faz parte de um grupo de 40 voluntários – entre nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros – inscritos no programa da Força Nacional do SUS, que presta atendimento a vítimas de desastres naturais, calamidades públicas ou situações de risco epidemiológico, como o que aconteceu nos territórios indígenas. Ela se inscreveu no programa em 2010 e já atuou em outras duas missões no período da pandemia, em 2021, nos municípios de Chapecó e Xanxerê, em Santa Catarina.
Sobre os seus dias de experiência na missão, ela contou que a equipe solicitou permissão para entrar no território indígena e foi muito bem acolhida pela comunidade. “É um povo muito afetivo. Como eles têm pouco acesso à saúde, eles sabem que ali é uma oportunidade de ter um atendimento digno. Então a gente teve esse cuidado de atender toda a comunidade, mais de 300 indígenas, com muitas crianças, foram avaliados, tivemos o cuidado de olhar o esquema vacinal, tratar os casos de malária e desnutrição, que eram muitos”, relatou Graciela.
Para ela, poder ajudar na missão é gratificante e, ao mesmo tempo, um grande desafio, principalmente por conta do estilo de vida e os valores do povo indígena. “Eles não conhecem o dinheiro e a modernidade para eles não existe. É um estilo de vida completamente diferente do nosso, não tem energia, o banho é de rio, então a gente teve que entrar no estilo de vida deles, dentro da floresta, conviver com eles e dividir os mesmos hábitos, para podermos ter acesso a eles e atendê-los”, relembrou a profissional.